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Isto não é um baby blog

20.02.13

Os mais atentos que me lêem sabem que tenho blog há quase 10 anos. Isso, uma década. Fui mudando de poiso, mas a "linha editorial" nunca variou muito. A minha vida, sim.

 

Quando comecei o meu primeiro blog era uma miúda de 24 anos que tinha uma vida de miúda de 24 anos. Ainda vivia com os meus pais, trabalhava, ia tendo uns namorados e umas coisas parecidas, saía muito, andava sempre em jantares e sessões de copos. O normal, portanto. Era disto tudo que falava no blog, porque era esta a minha vida.

O tempo passou. Engravidei e achei que não ia deixar de ter o blog que sempre tive e que não ia deixar de falar dos assuntos de sempre, para passar a falar só da gravidez e do bebé e afins. Enganei-me redondamente. Por força das circunstâncias abandonei o meu blog público, abri um privado e continuei a escrever... mas passei a ter um baby blog em vez de ter um "lady blog". Normal, diria eu. Pois se a minha vida tinha mudado... se tudo girava em torno daquela bebé, era natural que a minha escrita andasse quase toda à volta do mesmo. Não me chateei muito com isso. Claro que fui sempre metendo outros assuntos pelo meio, porque, apesar de ser mãe, eu não era apenas mãe e continuava a ter interesses para além da maternidade, mas assumi o rótulo do blog e não quis desviar-me muito dele.

 

Em 2009, quando comecei este blog, a ideia era distanciar-me dos assuntos da órbita da maternidade. Queria sentir-me outra vez eu - não que eu fosse menos "eu" por ser mãe, mas sentia que estava a escrever num espaço que tinha um propósito mais reduzido do que aquilo que eu queria na altura. Senti que era a altura certa: a minha filha já tinha um ano e tal, já não era um absorvente ultrapotente de atenção e eu já tinha regressado ao mundo, depois de ter andado durante algum tempo naquela bolha.

Não tenho um baby blog. Tenho um my-life-blog. E a minha vida inclui duas crianças, por isso é natural que fale delas de vez em quando. Não falo só delas, mas falo muito delas porque a minha vida é assim mesmo - e o que vocês vão lendo aqui não é mais do que isto: a minha vida.

 

Não estranho nada quando um blog, até então mundano e "normal", passa a ser uma espécie de baby blog por força da parentalidade de quem o escreve. Faz parte, são coisas da vida. E, a menos que o/a autor/a se torne um/a chato/a obcecado/a com o assunto, que a escrita vire dicionário cutchi-cuthci, não é por causa disso que deixo de ler. Não tenho um radar anti baby blog nem nada que se pareça. Há baby blogs muito mais giros e divertidos do que muitos blogs ditos normais. E há, parece-me, uma nova corrente de mummy-blogs (alguns dos quais muito chatos, porque passam a vida a "evangelizar" em tom paternalista e isto, sim, é coisa que me faz deixar de ler um blog) que conseguem um bom equilíbrio entre assuntos de filhos e assuntos de mães.

 

Aqui há dias, quando a Pipoca anunciou a gravidez, deixou bem claro que o blog dela não vai ser um baby blog. Talvez não. Mas há-de ser um life-blog e mesmo que o pipoco não vire eixo em torno do qual tudo gire, há-de aparecer. É normal, é natural e o blog não perderá a essência por causa disso. Porque um blog é sempre de quem o escreve e, a menos que seja um blog ficcionado, falará sempre da realidade do autor. E nesta realidade cabem filhos, cães, gatos, canários, patos e cavalos, roupa e sapatos, viagens e refeições. É normal. Nós evoluímos, a nossa vida evolui e os blogs também. E ainda bem!

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Eu e os bebés dos outros

18.02.13

Sempre adorei bebés (ok, crianças também, mas os bebés têm extra-cuteness e fazem menos estragos). Há nos anos era ver-me a fazer de babysitter em tudo quanto era sítio. Os filhos dos amigos eram cobaias perfeitas para eu exercitar o meu instinto maternal A.F. (antes dos filhos). Depois vieram os meus. Continuei a adorar bebés. Continuei a não me importar de ser babysitter de vez em quando. Mas deixei de achar tanta piada aos filhos alheios porque agora tenho os meus que me consomem a maioria dos sorrisos. Ainda assim, os bebés ocuparam sempre um lugar especial no meu coração. Até que.

 

Temos uma prima com um bebé de três meses. Quando o vejo pego-lhe, ando ali um bocadinho com ele e assim que ele começa a refilar é bye-bye, vai lá à tua mãe.

Este fim de semana estive com um bebé com seis meses. O máximo que fiz foi um gugu-dadá aí a um metro de distância. Não tive vontade de pegar, de mudar fraldas, de assistir ao portfolio de gracinhas. Nada.

Depois há a filha do meu best-friend, que joga noutro campeonato porque se instalou confortavelmente naquele espaço do coração reservado aos sobrinhos - por enquanto é a única. Ainda por cima é linda. E sossegada. Arranca-me sempre uns "oh pá..." quando vejo fotos dela (e quero muito ir visitá-la esta semana, que já tenho saudades da pimpolha).

De resto, nada. Zero vontade de pegar, de estar com, de brincar com, de ver bebés. Curei-me daquele bichinho que me fazia querer ter mais filhos. Yep, loja fechada. Ficamos por aqui. Temos dois, são lindos e enchem-nos as medidas. Está bom assim e é assim que a nossa vida faz sentido. Somos super abençoados com estes que nos calharam em sorte, temos tudo o que era suposto ter no campo familiar. (Claro que se viesse um terceiro era bem vindo. Mas se antes não nos importávamos com a questão, agora sentimos que estamos bem assim).

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Eu sei de tudo... mas ainda não posso contar!

18.02.13


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As mães que matam filhos

30.01.13

(A propósito da notícia da mulher que matou os dois filhos adolescentes e que se suicidou a seguir.)

 

Não consigo entender que se matem filhos por vingança. Não consigo entender que se matem filhos para impedir o pai de ficar com eles. Não entendo que se matem filhos porque se acha que nunca serão felizes. Não entendo. Mas não julgo. As luzes que antes apareciam ao fundo dos túneis são cada vez mais escassas. Cada vez mais as pessoas se acham sem saídas, sem esperança, sem futuro. E lá devem acreditar que, matendo os filhos, os poupam a sofrimentos futuros. Não entendo. Mesmo sem mãe, há a possibilidade de se ser feliz. Morto, não se tem possibilidade nenhuma.

 

Acho que é preciso estar-se muito doente para se pensar em fazer uma coisa destas (e para concretizar, já agora). Não consigo imaginar sequer o caminho que se faz até este ponto em que se decide que a única hipótese é matar os filhos e morrer de seguida. Não entendo e espero nunca entender...

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Chucha

30.01.13

Pois que o senhor pediatra dos meus miúdos mandou arranjar uma chucha para o infante. Sim, agora... com dois anos. Porquê? Porque ele chucha nos dedos desde que nasceu. E é muito mais difícil largar dedos do que chuchas. Já com a miúda tinha sido assim. Chuchava no dedo, depois arranjou uma ferida brutal entre os dedos, tive que lhos entrapar e arranjar uma chucha. Tinha um ano e meio. Resultou. Largou-a com cerca de três anos, antes de o irmão nascer. Não foi nada problemático e ficou o problema resolvido. Portanto na semana passada lá fui eu à procura de uma chucha que pudesse agradar ao infante. Comprei uma da Nuk com um Mickey, personagem que ele adora. Fiz uma palhaçada com a chucha e ele lá ficou a dormir com ela. Até ver, está a correr bem. Vai resultar? Não sei... mas espero que sim!

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2

23.01.13

O meu crianço mais pequeno fez dois anos. E, em jeito de presente, apanhou uma constipação épica. Para colorir ainda mais a coisa, o dia de anos dele foi aquele dia em que o IC19 esteve cortado a manhã quase toda. E era o dia da consulta com o pediatra. Era. Porque, depois de termos demorado uma hora e meia para andar sete quilómetros, desisti, dei a volta ao cabvalo e demorei cinco minutos a fazer os sete quilómetros de volta. Entretanto a constipação piorou, o que calha mesmo bem, visto que remarquei a consulta para amanhã.

 

Mas, bom, dois anos. Frases complexas, raciocínios lógicos e claríssimos, cortesia da irmã que puxa mesmo muito por ele. Conta até dez com algumas omissões avulsas. Não reconhece as cores. Reconhece tudo o que é bicharada. Adora livros. Conhece a família toda (a mais chegada, vá). Tem uma paixão assolapada pela Lia. Tem outra paixão assolapada pelo Mário e pela Joana (padrinho da irmã e respectiva senhora). É meigo e doce e urra como um jogador de rugby da selecção neozelandesa. É teimoso. Muito teimoso. É lindo. Igual ao pai. É nosso... há dois anos.

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Fechar o ciclo, seguir em frente

19.12.12

Aqui.

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Breve dica para mães em sarilhos*

01.09.12

Fraldas.

 

Cá em casa não se usam fraldas de marca branca porque... não gosto. Experimentei não sei quantas marcas brancas e não gostei de nenhuma. Ora encaroçavam com os xixis, ora deixavam sair xixi pelos lados... Eram baratas, sim, mas não cumpriam os mínimos aceitáveis.

 

Cá em casa não se usam fraldas caras. Só mesmo porque são caras e porque há alternativas igualmente boas...

 

Cá em casa usam-se as linhas básicas/económicas da Dodot e da Huggies.

 

Ora bem, as Dodot Básico são mesmo básicas e são piores do que as Huggies Economy. As Huggies Economy são óptimas: são maiores que as Dodot, absorvem muito bem, é raro haver desastres nocturnos (e quando há a culpa não é delas... é do meu gaiato que faz xixis em quantidades industriais!). Mas, melhor ainda, são mais baratas que as Dodot Básico.

 

Ou seja, por cá usam-se Huggies Economy (de momento, por acaso, usam-se Dodot Básico, mas só porque não havia Huggies quando fui às compras e precisava MESMO de comprar fraldas, sob pena de voltar a 1970 e às fraldas de pano presas com um alfinete de ama! E o facto de agora ter este pacote para gastar fez-me ficar ainda com mais certezas acerca da minha preferência pelas Huggies!).

 

Portanto a dica é: usem e abusem destas linhas básicas. Não são piores que as linhas "normais" e são MUITO mais baratas.

 

*Os "sarilhos" só aparecem porque me soaram bem... Coisas de gente com pouco que fazer, está bom de ver!

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Maravilhas

22.08.12

Ouvir o meu filho chamar-me

 

Mãinnnn

Mamã

Mãe Nhénha

Nhénha

 

Ouvir o meu filho chamar-me

 

Kiba (enquanto encosta a cabeça no meu ombro)

 

Ouvir o meu filho dizer

 

Adóú-te

 

Ver os meus filhos crescer todos os dias, um bocadinho mais a cada dia que passa.

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Os meus filhos são os seres mais sossegados do mundo

08.08.12

Hoje, numa grande superfície comercial, houve espectáculo para quem quisesse assistir. O mais novo, que circulava com o rabo preso no carro-bengala, começou a querer ir para o chão. Pu-lo no chão. Quis ir para o carrinho. Pu-lo no carrinho. Quis ir para o chão...

 

O mais novo, agarrado ao boneco (nojento, horrível que ele usa para dormir) começa a dizer que quer os carros de brincar. Dou-lhe os carros. Quer o boneco. Dou-lhe o boneco. Quer o balão. Dou-lhe o balão. Quer os carros. Dou-lhe os carros. Quer o boneco...

 

Levo-os à Merry Cupcakes. Um mini-cupcake para cada um. Ofereço bolo ao mais novo, ele diz que quer uma bolacha. Dou-lhe a bolacha. Quer o bolo. Dou-lhe o bolo. Quer água. Dou-lhe água. Quer a bolacha. Dou-lhe a bolacha. Quer o bolo...

 

Mais novo no carrinho, pede para ir ao colo. Digo que não. Adormece no carrinho. Fim de história. A maternidade é um mundo tão cor-de-rosa... corre sempre tudo bem... os nossos miúdos nunca fazem birra... nunca nos envergonham... nunca ganham as "guerras" que travamos com eles... nós nunca cedemos a chantagens deles... e nunca os chantageamos. Adoro isto, o quão cor-de-rosa é a maternidade...

 

[Ou de como estamos todos MESMO a precisar de férias!!]

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Anita no hospital

20.07.12

Ontem foi a primeira consulta de seguimento pos gravidez molar. Cheguei ao hospital às 8h15 para fazer análises. Consulta marcada para as 10h40. Seca descomunal até às 12h30... Li uma revista, li 50 páginas do meu livro, matei a bateria do telemóvel... e nada de ser chamada para a consulta. Depois lá percebi: médica chamada de urgência ao bloco para uma cesariana.

 

Entretanto, na sala de espera, dois casais. As mulheres não se conheciam, os homens sim. Sentaram-se lado a lado (eles), exactamente ao meu lado, e estiveram uma hora e tal a conversar animadamente. Mal se ouviam os nomes que eram chamados para as consultas, tal era a algazarra que faziam. Às tantas, aquando de uma chamada que ninguém percebeu para quem era, soltei um "shiuuuu!" que fez um dos senhores zangar-se...

 

Ele: não é preciso mandar calar ninguém!

Eu: aparentemente é. O senhor está há uma hora e tal a conversar. Isto aqui não é o café nem é o bar. É uma sala de espera de uma consulta de ginecologia e obstetrícia. O senhor vem acompanhar a sua mulher, nem sequer é o senhor que está doente. Respeite quem aqui está à espera de uma consulta. Quer conversar? O bar é lá em baixo!

Ele: os médicos que falem mais alto!

Eu: os médicos é que têm que falar alto? Não! O senhor é que tem que falar baixo ou não falar de todo!

 

Bom... entretanto, à minha volta, muitas grávidas com barrigas enormes, narizes inchados e caras de felicidade. E a dada altura dei por mim numa angústia tremenda, com uma vontade de chorar gigante. Também eu queria estar ali, barriguda, disforme e feliz, a esperar por um CTG ou por um toque.

 

Em vez disso esperam-me seis meses de consultas semanais ou, caso a coisa corra muito bem, quinzenais. Esperam-me análises sempre antes das consultas. E espera-me uma médica novinha, muito querida, que conheci por altura dos toques-antes-do-parto do meu filho. Fez-me uma consulta calminha, respondeu a tudo o que perguntei, percebeu que estou informada, não me atirou areia para os olhos, disse-me o que esperar... Disse-me que a betaHCG está a descer bem, que já não estou anémica (yay!), que posso voltar a correr (duplo yay!), que posso fazer a minha vida normal... e que a minha tiróide ainda não está boa, pelo que posso mesmo aproveitar para perder os 5kg que me faltam...

 

Marcou-me os exames todos para as próximas duas semanas, para eu não ter que me preocupar com nada. É só mesmo ir lá and pray for the best!

 

[Falou-me em três a seis meses de acompanhamento semanal. Significa que, estando tudo bem, daqui a seis meses posso - se quiser... e ainda não sei se quero! - voltar a engravidar... Fiquei feliz. Mesmo que não engravide, só o saber que posso já é maravilhoso!]

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Limoeiro (a vida que nos acontece) - post longo

26.06.12

A vida encarregou-se de me dar limões. Na verdade, deu-me um gigantesco pomar cheio de limoeiros carregados, com os ramos a dobrar para o chão, tal a quantidade de limões que ali há. Não é fácil. E não acontece só aos outros.

 

Já aqui contei dos violentíssimos enjoos que tenho tido. Também falei da perda de peso abrupta que tive: até agora, quase sete quilos à vida. Associei ao facto de andar a comer pouco, por causa dos enjoos. Mas não é só isso.

 

Sexta-feira passada fomos fazer a ecografia do primeiro trimestre. Ainda na sala de espera disse mais uma vez ao meu marido que acghava que aquilo não ia correr bem, tinha um feeling estranho. Ele, como bom macho que é, disse que aquilo eram coisas da minha cabeça. Já antes da eco eu tinha comentado com algumas amigas que sentia que havia alguma coisa errada com esta gravidez. Tal como comentei que achava que era uma menina. Não me enganei em nenhuma das sensações.

 

Assim que o médico me pôs a sonda na barriga disse que aquilo estava tudo errado, que aquilo não estava bom. Inocentemente, pensei que estivesse a falar do ecógrafo... Mostrou-me a minha placenta, que parece uma videira em Setembro, carregadinha de quistos que parecem uvas. Mostrou-me a bebé e disse que era inacreditável como é que esta bebé continua viva às 13 semanas. Fiquei sem chão. Não percebi...

 

Perguntou-me se eu tinha muitos enjoos, coisa que confirmei. Explicou-me que tem tudo a ver com a degenerescência grave que a placenta tem. Mostrou-me o coração da bebé, que tem um derrame pericárdico, coisa que é provável que faça o coração dela parar (e ele não percebeu como é que isso ainda não tinha acontecido). Mostrou-me a translucência da nuca, super aumentada na minha bebé. Explicou que isto poderá ter a ver com a cardiopatia, uma vez que ela não tem trissomia 21 (há osso nasal bem visível, por isso esta hipótese foi afastada).

 

Mandou-me para o hospital o mais rapidamente possível, para me fazerem mais exames e ser seguida lá. Disse-me, muito friamente (e ainda bem), que este bebé é pouco viável e que o mais certo é termos que interromper a gravidez. Saí dali a chorar. Fugi para um canto, por não querer assustar as outras grávidas que estavam à espera.

 

Fomos logo para o hospital, onde não me fizeram nada por já ser muito tarde. Mandaram-me estar lá na segunda de manhã, para fazer uma consulta de diagnóstico pré-natal e alguns exames adicionais. Vim para casa de rastos, sem saber o que pensar. No sábado fiz o que não se deve fazer: fui à net procurar explicações sobre o meu problema. Estranhamente, fez-me bem. Percebi o que é, porque acontece e quais as implicações futuras.

 

O que eu tenho chama-se Mola Hidatiforme Parcial. E raríssimo, mais propenso a acontecer em mulheres com mais de 40 anos (não confere), com historial clínico de abortos espontâneos (só tive um, não é lá grande historial). O que acontece é um erro de programação na fecundação: o óvulo é fecundado por dois espermatozóides. Obviamente, não é suposto isto acontecer, pelo que o bebé pode ficar com 23 cromossomas da mãe e 46 do pai. A placenta degenera e ganha os tais quistos, coisa que não é nada saudável.

 

Os sintomas disto são... enjoos e vómitos fortes e recorrentes, perdas de peso rápidas e inexplicáveis, prostração, apatia, sono... Ou seja, tudo o que eu tenho, em doses cavalares. Foi bom ter percebido que não eram coisas da minha cabeça, que havia uma explicação lógica para isto.

 

Ontem fui para o hospital às 9h, preparada para um dia passado ali. Fui atendida por uma médica que me disse que, em 23 anos, nunca tinha visto uma mola parcial ao vivo (a mola completa, onde só há formação de placenta mas não de bebé, é mais comum). Fez-me uma ecografia e lá apareceu outra médica que, em 30 anos de profissão, nunca tinha visto uma mola parcial ao vivo. Pediu-me que me despisse para me fazer uma eco com sonda vaginal... porque só esse ecógrafo é que tinha papel e ela queria ficar com as imagens da minha eco para ela... (foi aqui que comecei a sentir-me atracção de circo...).

 

Mandaram-me para o diagnóstico pré-natal, onde me passaram à frente de uma série de grávidas (o caso é mesmo muito grave e urgente...). A médica especialista no disgnóstico fez-me nova eco. Apareceu mais uma médica que, adivinhem... nunca tinha visto uma mola parcial ao vivo. E mais um médico, menos impressionável mas super atencioso, que me explicou os passos a dar de seguida. Fizeram-me uma biópsia à placenta (tiraram-me, a frio, dois pedaços da placenta - não doeu nada, vá-se lá entender...). Agora há que analisar o tecido e perceber se a bebé tem alterações cromossomáticas. Se tiver, não há volta a dar e vou ter que interromper a gravidez. Se não tiver, tem que se analisar a cardiopatia e ver se é tratável ou não. Enfim... estou rodeada de pontos de interrogação por todo o lado.

 

No meio disto tudo, encontrei-me. Sinto-me novamente eu, sem depressões. Parece que o facto de ter encontrado explicação para o que me andava a consumir foi o suficiente para me voltar a centrar. Estou triste, obviamente, mas estou conformada e serena. Sei que o que tiver que ser, será. E sei que a vida e Deus não nos dão nada com que não consigamos lidar...

 

Agora... é esperar por respostas.

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A grávida dá à costa

08.06.12

Tivesse eu um computador que não tivesse vontade própria e escreveria muito mais amiúde. Este gajinho faz o que lhe dá na telha e empanca como gente grande. Vai daí... nem sequer me apetece ligá-lo. Depois, ó senhores do Sapo, que tal criarem uma plataforma catita para edição via telemóvel, hum? Isso é que era! Se desse para postar via Android, eu postava all day long... no intervalo dos enjoos, bem entendido.

 

Bom, adiante. Encontro-me benzinho. Cá vamos andando... nem bem nem mal, é como Deus quer. Enjoada na quarta casa (quando era na quinta era mais grave). Sem conseguir comer nada de jeito (saldo: menos 4kg do que no dia 0 da gravidez). Com azia o dia todo. Sem beber café, portanto completamente prostrada e sem reacção para nada. Durmo muito e muito mal. Ou é o calor, ou é a azia, ou é a minha filha em cima de mim, porque ainda não percebeu o conceito de fronteira que já lhe tentei explicar diversas vezes. Enfim... Já passaram quase 12 semanas, o que significa que, na mais remota das hipóteses, faltam mais... 29 semanas (ouch!).

 

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Gravidez = Dieta

11.05.12

Esta que vos escreve padece de todo um mal-estar geral quando se encontra neste estado dito de graça. Acontece que isto não tem graça nenhuma. Para terem uma ideia:

 

- Acordo às 8h. Trato dos miúdos, bebo um copo de leite e sigo viagem. Assim que sento o rabo no carro começam os arranques. Não do carro, mas meus mesmo. Vómitos, náuseas e afins.

- Deixo a catraia na escola e sigo para café com a minha mãe. Bebo o café sem pensar muito no assunto e como meio pão de deus (divido com o meu mai novo) ou meia carcaça (idem). Continuam os arranques.

- Regresso a casa, engulo o ácido fólico e dois Nausefe, sento-me dez minutos à espera que a coisa passe. E a coisa passa.

- Começo a pensar no que vou fazer para o almoço e regressam os arranques. Acabo por não fazer nada e preparo antes uma salada aditivada com sementes (linhaça, chia, girassol, sésamo e goji).

- A meio da tarde começa a dar-me a fome, mas a vontade de comer é nula. Acabo a comer fruta e um iogurte. Regressam os arranques.

- Vou buscar a miúda. Preparo-lhe uma torrada quando chegamos a casa, dou uma dentada naquilo e regressam os arranques.

- Começo a fazer o jantar, sempre aos arranques. Faça eu o que fizer, o resultado é sempre o mesmo: não consigo comer. Portanto, acabo a comer uma sopa ou salada ou fruta ou uns cereais. E regressam os arranques.

- 21h30: cozinha arrumada, putos deitados, eu enjoada. Deito-me. Passa-me a maresia até ao dia seguinte...

 

De maneiras que, com quase 2 meses de gravidez, o saldo (em peso) é... zero. Ou melhor, na verdade, já perdi um quilo. Claro que vou recuperar isto tudo lá para as 16 semanas, quando os enjoos derem por terminada a sua missão (espero eu que eles façam isso...). Claro que vou engordar um disparate de quilos no final, porque esta gravidez acertou mais uma vez naquela época diabólica para mim: o Natal. E eu, que até já sei isto tudo, por experiência provada e comprovada, já sei que, quando chegar Dezembro vou esquecer todos estes discursos de peso e comer o que me apetece, quando me apetece. Hei-de dar entrada na maternidade mascarada de baleia, mas não faz mal. É a última gravidez e depois desta, sim, entrego-me de alma e coração (e corpo, pronto) à missão de perder o peso ganho em três gravidezes. Até ver, tenho 14 quilos para perder. Calculo que isto no final acabe nos 18 quilos a abater. A ver vamos. E daqui a um ano penso nisso... para já só consigo mesmo pensar que os dois Nausefe que tomei há dez minutos já estão a fazer efeito e os arranques abrandaram. Por agora...

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Espanha

16.02.12

Difícil, esta coisa de comprar para a cria mais velha uma máscara que seja barata, bonita e quentinha... Acabei por escolher em função dos sapatos: comprei-lhe uns vermelhos com bolas pretas Flamengo-ish. Vai de espanhola. E escusado será dizer que ontem foi uma guerra para a fazer descalçar os sapatos...

"Mãe, ainda bem que compraste este de espanhola e não compraste de coelhinha como eu queria".

Tão vaidosa, esta princesa... (E é tão culpa minha...)

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Um

23.01.12
Faz hoje um ano que te trouxemos para casa. Moreníssimo (icterícia!), cabelo preto (quem diria...), a cara fotocopiada do teu pai (e da tua madrinha e da tua avó). Um bebé sereno, doce, capaz de me fazer mudar de ideologia.
Sempre achei que só ia ser mãe de meninas. Pancadas, não ligues. Acreditava que teria pelo menos duas e nunca pus sequer a hipótese de vir a ter um rapaz. Quando, na primeira ecografia, o médico apostou que eras um menino, fiquei meio incrédula e não digeri muito bem. O teu pai zangou-se comigo, imagina. Depois adaptei-me e já nem pensei mais no assunto. Eras um rapaz e ia ser igualmente bom. E foi. Tirando que me deste uma gravidez péssima, mas isso é um detalhe. Deste-me um parto santo (se ignorarmos que tiveste que ser mandado sair e que, por ti, acho que ficavas lá até maio), foste logo uma paz de alma que dava gozo cuidar.

E mudaste o meu mundo. Evito comparar-te à tua irmã, mas é impossível. És mais reguila, mais rebelde, mais magrelas e mais mexido. Mas também és mais doce. E mais difícil, o que é bom!

Eu, que sempre sonhei vir a ter um filho aquariano (apesar de ficar bem dizer que não se liga a signos e que não se percebe nada disso, eu acho graça. E sou aquariana e queria ser mãe de um aquariano, pronto), quando fiz contas ao tempo de gravidez e percebi que a tua data prevista para o parto era 19 de janeiro pensei um "por dois dias, pá...". E acreditei sempre que teria um capricórnio, que tu havias de nascer às 38 semanas, como a tua irmã. Mas tu, querido, esperaste até eu não aguentar mais. E esperaste pelo dia em que houvesse vaga no bloco, para seres induzido. E nasceste a 21, primeiro dia de aquário.

Mas nada disto importa. O que importa é que és saudável, és feliz, és amado e tens aqui uma fortaleza onde podes regressar sempre que quiseres. E eu tenho em ti mais um bocado do meu coração. E amo-te tanto, filho...

Parabéns.

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Behave

19.12.11
A minha filha, que de anjinho tem muito pouco, no sábado surpreendeu-nos. Levámo-la ao Cascais Christmas Wonderland (nos jardins do Casino Estoril - obrigada pela dica, Joana!!). Adorou ver a pista de gelo - disse logo que não queria andar. Pediu para escorregar na rampa das bóias. Estive um quarto de hora na fila para comprar as viagens. Subi a rampa com ela, para levar a bóia dela. Sentou-se naquilo e desceu. Quis repetir - eu tinha comprado três viagens. Desceu as três vezes e surpreendeu-nos que ela, mariquinhas quando lhe apetece, não tenha desatado num pranto no final da primeira descida (se tivesse acontecido, aproveitava eu as viagens, que aquilo parecia divertido!). No final, disse-lhe que já não havia mais viagens, já a antecipar a birra do "eu quero mais...!". Nada disso. Aceitou. Dissemos que íamos embora e ela aceitou sem problemas. E nós sempre à espera do momento em que ia estalar a birra. Não estalou. 

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Dona Aurora

08.12.11
No carro, o CD novo da Leopoldina. A dada altura começa a música do Sérgio Godinho, "O Carrapito da Dona Aurora". E a minha filha diz:

- Mãe, é o pipi da Dona Aurora, não é?


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4 anos

02.12.11
(6h11)

4 anos separam-nos daquele momento em que, acabada de sair de mim, te puseram no meu colo, com os pés virados para mim. Foi a primeira vez que te toquei, ainda branca e por limpar, e te disse Olá, filha. Choraste, claro. Não te achei bonita (os bebés acabados de parir não são bonitos, apesar das versões romanceadas de algumas mães que insistem na teoria). A tua avó, minha parceira de "cela" naquele dia, só chorava e dizia que tu eras perfeitinha. Eu ainda fiquei duas horas a ser alvo de bordados intensos. E fui olhando para ti. Fui pensando em tudo o que tinha para te dizer, em tudo o que queria fazer contigo, em tudo o que te queria ensinar. Fui pensando na tua história de vida (sim, acabada de nascer e já com tanto chão caminhado...). Fui pensando que nada podia ser melhor do que aquilo. Tu eras o meu sonho realizado. A minha menina. Pensei em tudo o que teríamos pela frente e soube que só podia ser assim. Tu estavas destinada a ser minha. E foste minha ali, por umas horas.

Hoje já não és minha. És do mundo. Tens 4 anos e pareces mais velha. Tens conversas de gente crescida e entendes coisas que alguns miúdos de 4 anos não entendem. Fazes birras que me levam ao desespero mas dás os melhores beijos do mundo. És uma super-companheira. Posso levar-te a qualquer lado "de crescidos" (dentro dos limites do razoável, obviamente) que sei que tu aproveitas bem o tempo. Pedes-me passeios, pedes-me histórias, pedes que te ensine a escrever. Faço isso tudo. E mimo-te. És a minha metade perfeita.

O pai é O PAI. Aquele que te ama acima de qualquer coisa. Acima dele, acima de mim, acima do mundo. É o teu companheiro de amendoins e tremoços, o professor de patinagem e de bicicleta (embora ainda não saibas patinar nem andar de bicicleta). E eu amo ver a relação que vocês têm, o amor que vos mantém trancados um ao outro. E espero que dure sempre, mesmo depois dos embates que havemos de ter na vida.

És a nossa menina. E tens 4 anos. Sei que és feliz. E, para mim, isso é o que basta...

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4 anos - a noite

01.12.11
Há 4 anos, mais ou menos por esta hora (23h30, mais metro, menos metro), estava a chegar ao hospital. Deram-me as boas-vindas em forma de ralhete por não ter ido assim que me rebentaram as águas. Na altura, sabendo que podia estar horas sem fim em trabalho de parto, achei melhor fazer a famigerada lasanha e comer. Não me arrependo. Ainda precisei de mais sete horas até a coisa se dar.

Há 4 anos, à tarde, fui lanchar com o meu melhor amigo e com a (ex)mulher dele. Nunca me lembro disto. Lembrou-me ele há bocado. E fez "plim": foi ir lanchar, chegar a casa e águas rebentadas. Não andei por aí além, não fiz nada daquelas coisas (que depois fiz, no final da gravidez do meu filho, e que mais valia não ter feito porque aquilo não deu em nada!). Foi ela que decidiu que queria nascer.

Há 4 anos, por esta hora, toda eu tremia de nervos e de ansiedade (e de dores, vá). E estava tão longe de imaginar...

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4 anos (3)

30.11.11
Foram nove meses de amor profundo. Não fui uma grávida ansiosa. Fui uma grávida que saía à noite, que fazia uma vida absolutamente normal. Vivi como grávida e não como doente. Dancei, pulei, corri, respirei. Centrei-me na barriga e transformei-a no eixo sobre o qual gira o meu mundo. Depois, no final, cansada, com cada pontapé a soar a queixume, pedi que nascesses, queria ter-te comigo, queria beijar-te e sentir cada centímetro da tua pele.

Há 4 anos era sexta-feira. Sei que estava frio, não me lembro se chovia. Eu já não pedia nada a não ser que nascesses. Só queria ser tua mãe. Há 4 anos faltava 1 dia e eu estava tão longe de imaginar...

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4 anos (2)

29.11.11
Não foi fácil. Foi uma luta por ti. Porque te quis mais do que tudo. Porque tudo me dizia que tu eras o meu caminho. Porque não te escolhi, foste tu quem me escolheu a mim.

Não posso sentir-me senão abençoada por te ter na minha vida. Não és minha, és do mundo. Mas adoro saber que é no meu colo que sentes conforto. Saber que é o meu abraço que te acalma. Saber que são os meus beijos que te curam as feridas. Saber que te sentes segura no ninho da mãe.

O meu mundo passou a girar em torno de ti. Como eu sabia que ia acontecer.

Há 4 anos era quinta-feira. Creio que fiz mais uma viagem até ao hospital, num misto de ansiedade e vontade de que nascesses. Faltavam 3 dias para te ter nos braços... E eu estava tão longe de imaginar...

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4 anos (1)

28.11.11
Há 4 anos, toda eu era barriga e incertezas. Angústias várias, medos imensos, algumas ideias genéricas do que seria aquilo de ser mãe, mas estava longe de imaginar.

Quando um filho nos passa pelas entranhas tudo muda. Mesmo. Não há mal que nos toque, não há problema que se agigante diante de nós. Nós somos atmosfera daquela criança, aquela criança é todo o ar que respiramos.

Há 4 anos era quarta-feira. Estava cansada de estar grávida. Tudo o que eu queria era a tua mão na minha, conhecer o cheiro daquele bebé que ainda me habitava o centro, olhar nos olhos aquela pessoa que havia de sair de dentro de mim. Há 4 anos, faltavam 4 dias para nasceres e eu estava longe de imaginar...

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Maria Guedes no Mais Mulher

24.11.11
Está a Maria Guedes no Mais Mulher (SicMulher) a falar de must haves para miúdos. Calças de ganga: manda ela comprar uns números acima e usar, de início, com as bainhas dobradas, e depois, à medida que os miúdos crescem, descer as dobras e continuar a usar. Segundo a Maria Guedes, as calças de ganga dos miúdos são coisas que duram imenso tempo. Eu até percebo: o filhote da Maria Guedes ainda lhe nada na barriga e está longe de usar calças de ganga.

A Maria Guedes não conhece a minha filha. Se conhecesse, saberia que as calças de ganga duram o tempo suficiente para ela as rasgar no tartan da escola. Depois levam uns remendos nos joelhos e duram mais um bocadinho. Depois ela resolve andar um dia a arrastar o rabo no tartan e as calças rasgam-se atrás. Mais um remendo. Ela faz 4 anos na semana que vem. Usa calças de 3 anos. Porque as de 4 anos ficam a nadar, mesmo com os elásticos de ajuste apertados no máximo. Se eu lhe tivesse comprado calças para 5 ou 6 anos, por exemplo (porque as calças duram imenso tempo, lá está), tinha uma miúda com um saco de batatas vestido. E que não duraria muito, por causa daquilo do tartan.

Ou seja, nisto da "moda" infantil acho que quem tem mesmo uma palavra a dizer são as mães que põem remendos nas calças, que tiram das camisolas manchas impossíveis de remover, que secam ténis com secadores de cabelo. O resto, os must haves, são balelas.

[Para miúdos, no inverno, must haves são collants quentinhos, camisolas interiores, pijamas confortáveis, boas camisolas de malha - na Zippy são baratíssimas -, um kispo e umas galochas.]

Adenda: isto não é, de todo, uma crítica à Maria Guedes, cujo trabalho respeito imenso. É antes o lado pragmático da "moda" para miúdos.

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Uma questão de coração

12.10.11
Aqui.


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Questão de coração

12.10.11

Não importa quantos filhos tens. Podes ter um ou doze. Ou vinte. Não importa. A primeira vez que um filho te chama "mamã" fica-te cravada no coração, uma impressão a quente que nunca mais se desfaz. Ao primeiro filho é a novidade: é a primeira vez que um ser que te saiu das entranhas chama por ti. Ao segundo filho, não sendo novidade, é igualmente inesquecível: é a primeira vez que aquele ser que te saiu das entranhas chama por ti.

É um clássico: ao primeiro filho o tempo dá para tudo. Para fotografias todos os dias, para um álbum devidamente actualizado, para saber de cor e sem recorrer a auxiliares de memória quantos meses tinha quando se riu, quando cuspiu pela primeira vez, quando pegou pela primeira vez num peluche. A partir daí a coisa diminui drasticamente. As fotografias são em muito menos quantidade. Não sabemos ao certo se começou a palrar com dois ou com sete meses. O primeiro dente apareceu algures entre os seis meses e a entrada para a primária. Não sabemos qual foi a primeira palavras porque agora já temos conversas intermináveis, cheias de palavras.

Isto não quer dizer que se ama menos os filhos seguintes, por oposição aos primogénitos. Quer apenas dizer que o tempo que tínhamos disponível quando tínhamos só um filho é agora ocupado a amar várias pessoas pequenas, a cuidar delas, a garantir que se tornam adultos responsáveis e não perigosos deliquentes. O tempo não estica. O coração das mães, sim.

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Leite

29.09.11
Este post é sobre amamentação. É seguir em frente e fazer scroll down se é tema que não vos interessa... (mas não se vão embora, há aqui muito para ler!)...


No âmbito da Semana Mundial do Aleitamento Materno, a Mãe Feliz desafiou-me a dar o meu contributo para a "causa", contando as minhas experiências. Cá vai.

Ponto nº 1: eu sou uma pessoa pragmática por natureza. Nunca fiz da amamentação um cavalo de batalha. Nem antes, nem durante, nem depois. Acho que isto, analisando bem, é o que faz toda a diferença na forma como se vive esta fase.

Ponto nº 2: para mim, o aleitamento materno é importante, mas não é fulcral. Ou seja, estamos a falar de leite (que tem substitutos, que, embora não sejam iguais, são bons na mesma), não estamos a falar de ar (e toda a gente sabe que, sem ar... respirar, 'tá quieto).

Nunca pus a questão do aleitamento materno como opção. Para mim, amamentar era tão natural como mudar fraldas. Não foi uma escolha minha, não tive que andar a ponderar coisa nenhuma. Quando engravidei soube que, se pudesse, ia amamentar.

Quando a minha filha nasceu, a coisa correu naturalmente bem. Ela tinha "talento" inato, eu tinha leite. Entendíamo-nos bem. Mamou cerca de cinco meses e meio. Quando eu voltei a trabalhar deixei de ter tanto leite e o ciclo fechou. Até essa altura ela recusou todos os biberons que lhe dava, para testar as tetinas. Cuspia, pura e simplesmente. Depois houve um dia em que, a achar que ela tinha fome, lhe fiz um biberon de leite e ela virou aquilo como uma profissional. Lembro-me de estar sentada no quarto dela, a dar-lhe o biberon e a chorar, meio nostálgica com o fim de uma era. Passou. Ela cresceu bem com o leite materno e continuou a crescer bem com o artificial.

Com o meu filho, a mesma coisa. Dar de mamar não foi opção. Mamou menos tempo do que a irmã e, no dia em que bebeu o primeiro biberon de leite de lata não houve lágrimas. Eu estava em paz comigo porque sabia que tinha feito tudo o que podia para lhe dar mama. Mas quando não há, não há.

A única vez que tive chatices com o peito foi pouco tempo depois de a minha filha nascer. Peito super-cheio (linda imagem!), todo encaroçado. Valeu-me a Cláudia, que, via telefone, me explicou o que fazer. Aprendi. Resultou. O truque foi ensopar panos turcos em água a ferver, pô-los no peito e apertar até desfazer os nós. Consegui e aprendi uma lição valiosa, que já pude passar na prática a uma amiga que ficou em pior estado do que eu (e que eu tive que "ordenhar" porque ela estava tão desesperada que nem conseguia tocar no peito).

Eu não sou fundamentalista de coisa nenhuma. Acho que a amamentação deve ser encarada com naturalidade. Como diz a Maria de Lurdes, aquilo é dar de comer, não é ver passarinhos e rónhónhós, tudo belo e cor de rosa. É dar de comer a um filho, simplesmente. É por isso que sou um bocado avessa a lavagens cerebrais sobre amamentação (conheço bem de perto um caso que a coisa acabou com uma mãe com um brutalíssimo esgotamento por privação de sono, super-medicada, tudo porque no curso pré-parto lhe meteram na cabeça a ideia de que só as mães que amamentam é que são boas mães... ora o leite dela não satisfazia o miúdo mas ela, com aquela lavagem cerebral toda, recusou-se a dar biberon e o puto andou quase um mês a acordar literalmente de hora a hora para mamar. E ela sem dormir... e deu-se o "desastre").

As mães que não amamentam não são piores mães. As mães que não têm leite não são piores mães. Os bebés que não tomam leite materno não são necessariamente enfezados e doentes. Se sou a favor? Sou, claro. Em podendo e querendo, claro que sim. Se condeno que não o faz? Não, de todo...

Mas o que eu acho realmente fundamental quando se fala de aleitamento materno é isto: se têm dúvidas, perguntem. Se estão "à rasca" peçam ajuda a alguém que já tenha sido mãe. Não se fechem no casulo, não tenham medo de parecer más mães. Perguntem, falem, procurem ajuda. (E se precisarem da minha ajuda ou se tiverem alguma dúvida que achem que eu posso ajudar a esclarecer, o mail é o do costume e esta à disposição).


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Mudar rotinas

02.09.11
A nossa vida vai-se moldando à medida que vamos alterando algumas coisas. Parece confuso, mas nem por isso. Olhando para a minha vida hoje e há 5 anos, a diferença é abismal. E é natural que assim seja. Afinal de contas, há 5 anos era só eu, agora somos 4 pessoas. Bem, adiante.

Com esta coisa de vir de transportes tive que fazer algumas adaptações ao dia-a-dia. Não me posso deitar às 3h, como acontecia antes. Portanto, costuras só até à meia noite (máximo) e durante o fim de semana. Tenho as ementas semanais feitas (anteontem fiz a da semana que vem, no comboio, a folhear uma revista da Bimby, portanto não tenho que me preocupar com isso nos próximos dias). De manhã tenho o cuidado de deixar a descongelar o que quer que seja que vá ser usado para fazer o jantar. Quando chego, é só tratar do jantar (enquanto o marido trata dos miúdos), pôr a mesa e jantar. Temos conseguido acabar de jantar por volta das 21h, 21h15. E, enquanto um de nós desespera com a miúda em sucessivos "come... miúda, come... come...", o outro tira a mesa e põe a loiça na máquina. Por volta das 21h45 estamos prontos a sair dali. Ele deita-se logo, assim que pomos os miúdos na cama. Eu aproveito para preparar o dia seguinte: ponho a mesa do pequeno-almoço, preparo roupas, mochila e o que vou levar para o trabalho no dia seguinte. Depois, ou costuro um bocado, ou vou tomar um duche e deitar-me. Não aguento mesmo andar a dormir cinco horas por noite, por isso tenho tentado deitar-me mais cedo.

De manhã, acordo uma hora antes de ter que sair de casa. Trato de mim, acordo a miúda, trato dela, tomamos o pequeno-almoço sentadas, acordamos o mais novo e saímos de casa. Deixo-a na escola, deixo o miúdo na avó e volto atrás para a estação. Apanho o comboio às 8h29 (mas quero passar a apanhar o das 8h19) e às 9h30 estou no trabalho. Entretanto já li um bom bocado, já actualizei a minha agenda (Rita, nem que eu viva 100 anos vou conseguir agradecer-te isto como deve ser!!), já anotei mentalmente o que espero do meu dia, já me espantei com os modelitos pavorosos que se vêem no comboio e já me preparei para o dia de trabalho.

Depois, ao fim do dia, volta tudo ao mesmo. E sinto que assim, sim, estou organizada. Não ando à nora, não ando ao sabor do vento. Tenho mão na minha vida e isto, para uma mãe-de-dois, parecendo que não, é fundamental.

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Sobre uma coisinha que a Rosa Cueca disse aqui num comentário

09.08.11
Na maternidade (enquanto "disciplina", vivência, etc.), não há "fazer qualquer coisa mal".

A não ser que não alimentemos os miúdos, que os espanquemos, que não lhes liguemos nenhuma, que não os limpemos, não há "estar a fazer uma coisa mal". Cada mãe é única. Cada filho é único. O que resulta para mim pode não resultar para vocês (e vice versa). E não há melhor mãe para os nossos filhos do que nós mesmas.

[Não estás a fazer nada mal, com certeza. Estás a fazer o melhor que podes/sabes. E daqui a uns anos ele agradece-te!]


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Coisas de miúdos

09.08.11
Quando não temos filhos temos toda uma panóplia de teorias acerca da maternidade. Geralmente, 99% dessas teorias caem por terra no exercício da dita maternidade, quando nos vemos a braços com seres pequeninos que, regra geral, dependem de nós para sobreviver.

Quando não temos filhos achamos que os nossos filhos nunca farão uma birra no supermercado, nunca exigirão que lhes compremos aquele chupa e aquela boneca e aquele Beyblade, nunca farão birras de sono, nunca dirão que não a nada que os mandemos fazer. E achamos que nunca lhes vamos assentar sequer uma palmada no rabo, porque a negociação vai estar sempre na ordem do dia e eles serão civilizadíssimos (e nós também).

Assim que eles nascem desce-nos uma qualquer luz que nos faz ver que nada do que jurámos nunca fazer está a salvo. E havemos de nos confrontar com birras de supermercado (daquelas que nos fazem ter vergonha de ser mãe daquela pessoa pequenina). E havemos de ter que dizer que não aos chupas e às bonecas e aos Beyblades ou, pior ainda, havemos de dizer muitas vezes que sim a isso tudo, só para não ter que gerir uma das tais birras de fazer mortos regressar à vida. E resolvemos muitos dos conflitos com uma palmada, que é coisa que não faz mal a ninguém (e que não significa espancamentos de ter que chamar o INEM, bem entendido).

Juramos que McDonald's só aos 15 anos, saídas à noite só aos 20, namorados ainda mais tarde e nunca por nunca vamos ter um neto nascido quando os nossos filhos tiverem 15 anos. Mas às vezes acontece tudo ao contrário e os nossos filhos são pais adolescentes, atafulham-se de McDonald's e saem à noite a partir dos 14, sendo que nos cabe a nós ficar plantados à porta do Garage até às três da manhã a inventar esquemas para não adormecer por cima do volante, enquanto eles andam lá dentro armados em adultos, de copo na mão, a dançar e a fazer sabe-se lá mais o quê (e eu, pessoalmente, não quero saber... ignorance is a bliss!).

Não nos passa pela cabeça ter filhos malcriados, que respondem, que confrontam, que não acatam as nossas decisões. Mas temos. E aprendemos a lidar com isso. Não imaginamos que um dia podemos vir a ter uma discussão com eles em que não temos razão, mas temos. E aprendemos a lidar com isso (e a assumir que não temos razão e a pedir desculpas na altura certa).

Quando não temos filhos achamos que a maternidade é um lago calmo, com patos e peixinhos. Depois percebemos que afinal é um rio cheio de rápidos, onde de vez em quando há pedras que nos fazem ir à água. Com sorte, aprendemos a divertir-nos com isso.

O que eu acho que ajuda (na maternidade, como na vida) é não nos levarmos demasiado a sério. E não querermos ser campeões de uma competição que na realidade não existe. Toda a gente erra. Os pais erram muito. Os miúdos aprendem também com isso. Quando não lhes escondemos as nossas falhas, quando somos honestos, quando nos mostramos tal como somos e não vestidos de super-heróis, eles aprendem que a vida não é uma coisa cor-de-rosa. E se calhar é também a melhor maneira de não nos desiludirmos enquanto pais, enquanto pessoas, enquanto família. Problemas toda a gente tem. Mas a coisa resolve-se mais facilmente se for vestida de comédia e se deixarmos os dramas para outro cenário...


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