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Ando bem disposta. Apaixonei-me por mim novamente. É um bocado narcísico, sim, mas faz falta. Ando orgulhosa das pessoas que sei que vou tocando com esta história que estou a viver. Quem lida comigo sente-me mais feliz. Ainda bem. Estava cansada do cinzentismo, do morno, do assim-assim. Eu mereço mais do que o assim-assim.
Tenho corrido mais. No domingo que vem vou fazer a Rapidinha de Cascais. São só 5km, mas isso para mim é épico. Até hoje, corri 5km três vezes, sempre na passadeira. Não custa? Claro que custa! E não é pouco! Mas no final, a sensação é inexplicável. Dia 16 volto a correr na rua, na Mini Maratona da Ponte. Vão ser 7km... mais puxado, é certo, mas não me preocupa tanto, porque vou ter uma lebre das boas nesse dia.
Os bolos... tantos, tão bom! Tem sido uma aventura (que tenho mostrado no Instagram, só). Tenho aprendido tanto! E tenho tentado sempre superar-me... e acho que não me tenho saído mal.
Entretanto, o blog. Acontece-me imenso durante o dia: aparecem-me posts à cabeça o tempo todo. Só que, graças à tecnologia, que me obriga a ter que ligar um portátil para escrever, eles ficam ali mesmo, na minha cabeça. Já disse: ando a pensar seriamente em mudar isto de plataforma e em voltar à base. Calha que ainda não consegui importar lá (no Blogger) os posts deste ano e meio de Sapo. Mas estou a tentar. E às tantas ainda mudo na mesma, mesmo sem posts importados! Queria ter tudo junto bonitinho, direitinho e tal. Mas se não der, que se lixe! Não posso e nem quero deixar isto ao abandono. Quero escrever mais, contar-vos mais, partilhar mais. Mas tem sido complicado.
[Vanessa, chama lá aí o Daniel, please, para ele me dizer que não ha nada a fazer...]
À noite, enquanto me preparava para ir para a cama, veio-me à cabeça uma frase. E outra a seguir. E outra. Despachei-me enqunto ia repetindo para mim mesma as frases, para que não me fugissem (acontece tantas vezes...). Sentei-me na cama e abri o caderno, escrevi as frases e vi o resto da história tomar forma. É sempre assim. As short-stories que mais gozo me dão nascem assim, de uma frase que aparece a bailar na minha cabeça, que se enrola na língua e que pede para ser cuspida, como se fosse um pequeno demónio a pedir para ser exorcizado. O resto vem atrás. Como se, na verdade, aquela história já existisse e precisasse apenas de ser materializada. Ontem dei vida a uma. Foi o melhor do meu dia.
Tenho uma cabana de madeira já meio apodrecida, num terreno baldio onde nunca passa ninguém. Ao lado, tenho uma pequena horta cuidada que justifica a existência da cabana – alberga utensílios vários e faz as vezes de armazém. Ao fundo, um pequeno regato fornece a água necessária à rega da plantação. E não só.
Deixo a carrinha na entrada do campo, quando já não é possível avançar mais. Agora entardece cedo, quem andava nas hortas certamente já regressou a casa, para o banho da ordem enquanto o jantar não aparece na mesa. Arrasto-a sem fazer barulho – não é muito pesada, é relativamente fácil transportá-la. Garanti que não haverá gritos e que não teremos visitas indesejadas. Ela debate-se sem sucesso. Já deviam saber que, quando são apanhadas, não têm salvação possível; mas não sabem. Lutam sempre, como se agarrassem a vida toda naquelas breves horas que já não valem nada, que não são mais do que as últimas horas daquela vida. Deviam poupar-se, mas nunca o fazem.
Abro a cabana e sento-a na cadeira. Prendo-lhe as mãos atrás das costas, destapo-lhe os olhos e explico que lhe tiro a mordaça se prometer não gritar. E que, ao primeiro grito, ficará sem língua. A fila de frascos alinhados à sua frente é um bom dissuasor de gritos: nos frascos há línguas conservadas em formol; nem são muitas, sete, apenas, que fui obrigado a cortar. Na morte, como na vida, as promessas são para cumprir.
Os olhos dela são a definição do medo – as pupilas dilatadas são demasiado verdadeiras. Tiro-lhe a mordaça e ela cumpre com a sua parte: não grita. Talvez tenha perdido a voz, acontece amiúde. Baixo-me para ficar exactamente de frente para ela e explico o que vou fazer.
“Agora vais ficar quieta, não adianta gritares, não adianta gastares energia. Poupa-te, que é o melhor que podes fazer. Vou matar-te, acho que já percebeste isso. Estás longe de tudo, mesmo que gritasses ninguém poderia ouvir-te. E a tua língua acabava ali, num frasco, como as línguas das mulheres que não respeitaram esta regra simples. Vais morrer e vai doer. Vou retirar-te um pequeno pedaço de pele, que depois hei-de guardar. Vou cortar-te dois dedos, que nunca hão-de ser encontrados. Não te preocupes, o teu corpo vai ser limpo e deixado num sítio onde será facilmente encontrado. Ninguém vai ter que andar à tua procura para sempre. Eu sei… eu sei… és nova e não vais poder fazer nada do que planeaste. Paciência. Não chores. Não vale a pena. Podes ter medo. Aliás, deves ter medo. Sou sádico, eu sei. É o teu medo que me alimenta e, por muito que não queiras, vais ter medo. Depois hás-de desmaiar e, quando morreres, já não vais sentir mais nada. Prometo.”
A cabana cheira a mofo, a madeira velha, a ferrugem e a medo. É isto que me move, este cheiro inconfundível do medo. Sangue, suor, lágrimas, saliva – o medo é uma equação feroz. É a animalidade. É a alma a ser purgada. O medo é o fim e o início; é o gatilho. A última satisfação. Não me dá particular prazer matar; não o acto de matar em si. O que me excita, o que me estimula é o cheiro do medo, aquela combinação voraz de odores primitivos que me traz de volta ao centro, que me mostra quão primários somos. Se eu pudesse ter este cheiro sem matar, teria. Mas não há medo mais poderoso que o medo da morte. E este, depois de provocado, tem que ser concretizado. Só assim se propaga e continua. Só assim sei que posso voltar a sentir este cheiro que me resolve.
Levanto-a da cadeira e deito-a numa mesa de madeira e metal que construí com esmero. Prendo-lhe os pulsos e os tornozelos por forma a expor os seus membros e poder chegar onde quero. Puxo-lhe o cabelo para trás com força, fazendo-o cair para fora da mesa. Começa a surgir a dor, o massacre da dor, o potenciador do medo feroz. Ela sua em profusão. Ainda não desistiu de viver, não se rendeu, e ainda bem. Se já se tivesse abandonado à sua sorte deixaria de ter razões para sentir medo e perder-se-ia este cheiro, o cheiro que antecipa a morte. Com um bisturi, desenho-lhe uma elipse na pele do interior da coxa esquerda; retiro aquele pedaço de pele sem cerimónias. Ela arrepia-se, os membro retesam-se, ela abafa um grito. Da mão esquerda corto-lhe o anelar, num ritual de compromisso – eu sei, sou um psicopata diagnosticado, plenamente consciente da sua mente retorcida. Ela grita, mais por instinto do que por vontade, pelo que me limito a abrir-lhe um golpe na face, em jeito de aviso: mais um grito e acrescentarei uma língua ao meu portefólio. Sinto-lhe o travo agridoce do suor, vejo as gotículas que se formam na sua pele. Excito-me rapidamente – acontece sempre, mas nunca concretizo impulsos sexuais. As mulheres que capturo não me servem de alívio hormonal, nenhuma foi violada, nenhuma foi sequer tocada intimamente. Da mão direita corto o indicador, o dedo que atribui culpas, que identifica culpados. Simbólico, sim, mas apenas isso; não quero os dedos para nada, não são troféus embora possa parecer que sim. Servem-me para transmitir uma mensagem a quem encontra os corpos delas, mas essas mensagens ainda não foram entendidas. Nunca ninguém sequer se aproximou de mim desconfiando que me pertence o histórico de mulheres mortas, algumas sem língua, todas sem dois dedos.
Ela já esteve perto do desmaio que lhe antevi. Abrandei e ela recuperou o suficiente para que eu pudesse tornar a investir. Faço-lhe um golpe fundo na palma do pé direito – ela é dextra e é este o seu pé forte. Não poderia andar, mesmo que conseguisse escapar. Está perto o momento em que a poderei soltar. Ela soçobrará e não precisarei de usar a força. Aproximo o bisturi da virilha. Ela não percebe o que estou a fazer, talvez esperasse uma morte diferente. Faço um corte fundo em cima da artéria femoral. O sangue jorra com demasiada força para que consiga estancá-lo. Ela desmaia perante a visão do sangue, mais do que pelo efeito da dor. No ar, o cheiro… sempre o cheiro. Depois do suor, é o cheiro do sangue que me activa. A morte virá depressa, mas o cheiro continuará a pairar por muito tempo. No fundo é isso que me interessa: que o cheiro perdure.
A seguir vem o trabalho ingrato. É preciso tirar daqui o corpo, limpá-lo, levá-lo até um sítio onde não demore muito a ser encontrado. Calculo que a esta hora já andem à procura dela. Não sei que idade tem, não sei nada sobre ela. Sei que estava no sítio errado à hora errada, como acontece sempre nestes casos. Para mim, foi precisamente o contrário; foi como se encontrasse um tesouro.
Arrasto-a até ao regato. Entretanto já anoiteceu e a única luz que há é a da lua em quarto crescente, quase cheia. Limpo-a com cuidado, sem me preocupar demasiado. Só quero que se perceba que não foi violada, que houve cuidado, apesar da violência da morte que lhe causei. Embrulho-a num lençol e carrego-a de volta à carrinha. Volto à cabana para guardar o que restou deste idílio e para sentir de novo o cheiro que ainda paira no ar. O odor férreo do sangue sobrepõe-se a todos os outros. Hei-de demorar muito a limpar tudo, mas isso será tarefa para amanhã. Hoje preciso de entregá-la a quem a procura. Talvez seja a minha forma de mitigar o mal que fiz, de procurar um resquício de redenção. Talvez seja a minha maneira de dizer ao mundo que, apesar de tudo, este é o meu modo de amar, de me entregar e de ser eu.
[Este texto foi publicado na Papel. Recupero-o hoje para trazer de volta os contos que fui publicando por aqui. À terça-feira, daqui em diante.]
Vocês sabem: a minha praia é a ficção. Aquilo que me move são as histórias a que dou vida através de palavras. É por estas histórias que anseio e, quando uma me aterra no colo, não descanso enquanto não a ponho a respirar. Andava com saudades (e o meu marido sempre a perguntar, Quando é que voltas a publicar contos no blog?). É hoje. Logo, mais ao final da tarde, quando o ambiente começar a sossegar, chega aqui um conto. Talvez já o tenham lido. Recupero-o porque tenho com ele uma relação para a vida: foi o conto que mais prazer me deu a escrever e é o conto (dos meus, bem entendido - porque há por aí muita gente a escrever muito melhor do que eu [Olá, João Tordo; olá, Nuno Amado; olá, Nuno Camarneiro; olá, Afonso Cruz, só para citar alguns!]) que mais gozo me dá, enquanto leitora. O meu preferido, se quiserem. Daqui em diante, à terça à tarde, um pé fora da realidade, com o coração nas mãos.
[Retomo o título da minha rubrica na Papel porque é mesmo isso: escrevo com o coração nas mãos, a dar ordem para que as palavras se alinhem e ganhem vida própria. Noutras vidas que não a minha, embora a minha esteja sempre lá.]
Agenda de Novembro preparada. Tantos planos, tantos. Haja ânimo. Adoro estes dias em que, saindo da rotina, acabo por fazer tanto ou mais do que nos dias normais. Apetecia-me, contudo, esquecer a agenda por umas horas e agarrar-me ao livro do momento com um chocolate quente. Não pode ser - nem o livro, nem o chocolate quente (estou mesmo a ver se domestico a minha adição por doces). Tenho o meu filho a dormir e vou ter que o acordar - temos que ir buscar a mais velha à escola. Vai haver birra monstra e má disposição para o resto do dia. A casa começa a cheirar à perna de peru que está no forno, a assar devagarinho. Já estou de luz acesa há quase uma hora, odeio esta altura do ano por isto, por este anoitecer antecipado que me dá a sensação de dias curtíssimos que não rendem nada (mas rendem). Reescrevi um parágrafo fundamental para mim e acho que finalmente está como merece. Vou recuperar duas séries de posts aqui para o blog, começando já amanhã.
Gosto muito de vos ter por cá, não sei se já vos tinha dito!
Não sei onde raio enfiei o meu caderno de todas as horas. Ando (andava?) com ele para todo o lado, a fazer par com o livro que esteja a ler no momento. Sempre que tenho tempo para matar deambulo entre a leitura e a escrita, pelo que me sinto nua se não tiver comigo estas duas "peças de roupa". Acontece que não sei onde raio enfiei o caderno. Acontece também que o dito é valioso. Para mim, mais do que para o mundo. Tem crónicas, ideias, planos, projectos. Tem peças de um puzzle que sou eu, que é a minha vida. Tem carimbos da minha criatividade. Ou tinha, porque não sei onde raio o enfiei e desconfio que não volto a pôr-lhe a vista em cima. Donde... preciso de um caderno de todas as horas novo. Igual ao anterior, que foi o único que não acabou emprateleirado com apenas duas ou três folhas escritas. Hoje. Belo dia para iniciar um caderno novo.
[No fundo, até calha bem. Estou a imprimir três capítulos e meio - daquilo que tu sabes -, vou relê-los e voltar a pegar nisto. Já sinto o bichinho a roer-me por dentro. Está na hora. Soltem-se as palavras, escreva-se o mundo.]
E quando lhes pedimos que completem a frase "A minha mãe é uma...", eles respondem...
São as ideias que se atropelam. Vem uma. É boa, vamos por ali. Depois vem outra. Também é boa. Vamos por onde, por aqui ou por ali? Não sei. Durmamos sobre o assunto. Durante o sono, adivinhem? Mais uma ideia. E a coisa não pára. Há sempre mais uma ideia a aparecer. E por vezes coabitam perfeitamente, outras alturas há em que se excluem mutuamente. É aqui que se instala a insegurança. E se escolhermos mal? E se a ideia que elegermos não resultar assim tão bem? Será que a outra que deixámos cair teria funcionado melhor? E se? E se? E se?
Não é fácil, é o que vos digo. Não é mesmo nada fácil!
Uma pessoa estabelece um objectivo. Atribui-lhe um deadline. Divide o objectivo pelos dias que tem disponíveis. É exequível. Senta-se a trabalhar para cumprir o seu objectivo. Nada. Vazio total. Tem a ideia inicial, que precisa de desenvolver. Como? Não sabe. Para onde é que vai? Não sabe. Sabe um ou outro ponto onde o seu trabalho deve tocar, a bem da ideia inicial. Mas os caminhos disponíveis são inúmeros e escolher um significa recusar todos os outros. Ainda assim, a espaços, surge a inspiração. Usa-la. Escreve. Objectivo do dia cumprido. Dia seguinte. Pegar no ponto anterior. Inspiração? Ausente. Objectivo? A piscar insistentemente na cabeça. Deadline? Cada vez mais próximo. Ainda assim, quando deixa cair o medo de não conseguir cumprir op objectivo a que se propôs, a pessoa leva avante o seu trabalho. A sua história. Medida em palavras. O caminho é longo. O tempo é curto. Mas já não falta tudo...
... foi assim... uma espécie de solidão...
Gosto de escrever aproximando, tanto quanto possível, a ficção da realidade. Isso implica pesquisa. Muita pesquisa. Está tudo na Internet - mais ou menos. Para garantir que os dados estão correctos é preciso fazer uma pesquisa aprofundada. Não basta transformar a Wikipedia na homepage e passar lá a vida.
Foi por isso que hoje dei por mim a pedir ajuda a um médico com uma questãozinha técnica que me estava a incomodar. Gosto que os nomes que chamo às coisas sejam os correctos. Em assuntos que não domino - medicina, por exemplo -, sinto ainda mais responsabilidade. Acima de tudo, quero que as histórias sejam credíveis. Não quero meter os pés pelas mãos nem alvitrar disparates.
É por isso que, enquanto escrevo (ficção, bem entendido) tenho sempre apoios de que não abdico: um bom dicionário por exemplo. E o Google, que me leva por caminhos mais ou menos tortuosos até chegar onde quero.
Por isso, senhores da PêJota, escusam de perder tempo comigo. Estas pesquisas que ando a fazer servem apenas um propósito: que a ficção soe a realidade. É só um texto, não vou matar ninguém, 'tá?
Este é o meu Alentejo.
Desta vez com uma incursão por um sítio inusitado (em modo pesquisa para o que vem a seguir). Desta vez olhado com olhos de ver, para absorver bem a toponímia, para reconhecer rostos e histórias (ainda da pesquisa). Desta vez com os miúdos a adorarem aquela tarde. E comigo a recordar a terra que se cravou no meu coração desde que nasci e da qual só tenho bos recordações.
O paraíso existe. O meu é ali.
A miúda está de férias. Hoje acordámos os três às 11h (com interrupções pelo meio, mas a alvorada oficial foi a essa linda hora). Eles passaram a manhã entre episódios do Mickey, brincadeiras e brigas de irmãos. Eu passei a manhã agarrada ao ferro de engomar. Almoçámos tarde. Agora eles dormem. Eu vou acabar de passar a ferro e conto gastar o resto do tempo entre um filme e um livro. Desta vez decidi não me massacrar e permitir-me aproveitar estes dias com eles. Reservo os serões para a escrita, sem sentimentos de culpa e sem stresses.
Amanhã haverá cinema (prometi à miúda que a levava ao cinema... no verão. Depois nas férias do Natal. Depois no Carnaval... Não passa de amanhã!) e natação. Amanhã, com sorte, conseguirei ir ao ginásio. Na quarta haverá lanche com a BFF que não nos abandonou rumo a Beja. Na quinta mais natação e, com sorte, mais ginásio. Na sexta... logo se vê. De caminho, filmes e séries e livros. Ah, e comer em condições - esta parte também está a correr lindamente, fiquem a saber! E vai melhorar!!
Boa semana, gente!!
Na Papel...
Leiam isto...
e isto...
e isto...
(E tudo o resto, que vale bem a pena!!)
{E desta semana em diante estarei lá, a quatro mãos, em versão Frente & Verso, com a querida Margarida Vaqueiro Lopes. Tão bom!!}
"Sou mulher. De mim nasce toda a humanidade. De mim nasce o bem e o mal. Das minhas entranhas se faz mundo. Sou o centro das alegrias, das tristezas dos devaneios. Sou o poder e o deslumbramento. Sou incerteza, força e audácia. Sou crença e fé. Sou mulher. Sou o epicentro do mundo. O ponto a partir do qual tudo nasce, para um dia morrer. Sou dúvidas, preocupações, lutas diárias. Sou o corpo que abarca a vida. Sou tudo. Sou metade da realidade infinita. Sou sabedoria, medo e raiva. Sou um poço sem fundo. Vulcão pungente. Sou mulher. Sou o epicentro do mundo."
A Papel sai às quintas. Hoje é quinta, logo... Pois. Nova edição da Papel já disponível. Tema da semana: comer. OMFG... tanta, mas tanta coisa boa para ler, para nos inspirar, para nos ensinar...
Eu contribui com duas "coisinhas". A realidade, aqui. E a ficção, aqui. Por favor, leiam (tudo, não só os meus textos). E opinem. Para nós, que estamos por dentro da revista, é importante termos o vosso feedback. Para melhorarmos, para evoluirmos, para fazermos uma revista que seja simplesmente imprescindível. Para mim, já é. É que, sabem, amo esta ideia, a equipa, a forma como as coisas acontecem e amo, obiviamente, o resultado final que salta cá para fora todas as quintas-feiras. E, com a vossa ajuda, a coisa só pode melhorar.
[Thank you!!]
Hoje o dia faz-se por aqui.
Não imaginam o quão feliz estou. Porque é isto, é mesmo isto que quero fazer. Isto sou eu. É o que eu amo. E nada, nada é maior do que as paixões que temos na vida.
[Daqui em diante, todas as quintas-feiras, uma nova short-story. Estou tão feliz, já disse???]
(E obrigada à equipa Papel, pela oportunidade e pelo carinho com que me recebeu! Vai ser giro, vai ser bom...)
É o mínimo para hoje. Duas mil. O ideal? O dobro... mas comecemos com as expectativas por baixo, a ver se corre bem. Já a seguir entra em funcionamento o Pomodoro e, durante pelo menos três horas, morri para o mundo virtual... (Isto sou eu a auto-evangelizar-me, ok?)
Já cá venho contar como correu...
Com a cabeça formatada para estar em casa e tratar da casa em primeiro lugar, nem sempre é fácil conseguir sentar-me a escrever. Não consigo abstrair-me, não consigo não pensar no que tenho para fazer (e eu sou daquelas que quando não tem que fazer, inventa!). Portanto, quando quero mesmo escrever a solução é sair de casa e ir para algum sítio sossegado e onde não posso estender roupa nem lavar loiça nem fazer camas nem passar a ferro. Há dois ou três sítios onde gosto muito de escrever, sítios onde sinto que sou particularmente produtiva. O Starbucks do Dolce Vita Tejo é um deles. Gosto mesmo de estar ali, a beber um latte qualquer e a escrever. Não me distraio, e quando isso acontece nunca sinto que perco alguma coisa - o que vejo, as pessoas que vou observando acabam por contribuir para uma ou outra personagem...
Em casa, só consigo mesmo escrever à noite, sentada na cama, com tudo desligado. Ainda há bocado estava aqui com o senhor marido e ele estava a ver o jogo da selecção. Não consegui fazer nada (além de alimentar galinhas no Farmville2, pronto). Agora que já tudo sossegou, que não tenho distracções, consigo parar e produzir. Mas tenho o constrangimento da hora (não quero deitar-me tarde porque a alvorada vai ser cedo) e do livro que comecei a ler hoje (culpa do João Tordo, que o sugeriu aqui há dias no Facebook; fui investigar, pareceu-me bem e... é o livro do meu desbloqueio e acho que isso diz tudo - claro que a seguir, quando o acabar, vou voltar ao mesmo dilema: acabei de ler um livro tão bom que é difícil encontrar um que se equipare...).
Ando a adormecer a ver séries ao invés de adormecer a ler. São fases. Sinto uma "culpazinha" residual, como se estivesse a falhar numa coisa que é esperada de mim. Comecei a ler o segundo volume do "1Q84", do Murakami, mas não avancei muito. Hei-de retomar, nos tempos mortos em salas de espera e afins. A parte boa é que ando a escrever muito mais do que leio. Isso é bom. Nunca tinha acontecido e não deixa de ser uma sensação boa, esta fluidez de palavras que tenho sentido. Não têm vindo parar tanto aqui, mas têm andado a preencher documentos word a fio. É bom...
[E ando viciada na Anatomia de Grey, no Modern Family, no Dexter, n'A Firma, no Touch, no CSI Las Vegas, no Downtown Abbey... muita coisa a empatar a leitura, é o que é...!]
Duas crónicas, um conto, um capítulo (pelo menos) para hoje. E perante esta avalanche de coisas para escrever, só consigo olhar, estática, para uma folha de word em branco. Fuck.
Aqui...
[um dos textos que mais me custou escrever...]
ADENDA: custou-me muito escrever este texto por várias razões. Felizmente, nunca passei por nada do que o texto retrata. E essa é uma das razões pela qual me custou: tive que me imaginar naquela situação para conseguir escrever sobre ela. Tive que tentar calçar sapatos que não são meus para conseguir passar uma emoção. Por outro lado, custou-me escrever isto porque, não tendo eu passado por nada sequer parecido, sei que muita gente passou. E é horrível imaginar esta dor.