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Verso - o aniversário da Margarida
Acho que nasci numa quinta-feira. A minha mãe estava em casa de uns amigos, entrou em trabalho de parto e em cerca de duas horas eu já tinha nascido. Sempre fui assim, despachada. Demasiado despachada, às vezes. Nasci na Primavera, demasiado perto da Quaresma, mas demasiado longe do Domingo de Páscoa: já passei uns quantos aniversários à quinta ou sexta-feiras santas [e para quem, como eu, é católico e vive o tríduo Pascal a sério, isto é uma seca] mas nunca consegui fazer anos no Domingo de Páscoa. O que é uma seca.
Isto faz com que eu ache que o meu dia de aniversário é maaaais ou menos igual aos outros todos, com a vantagem de que somos o centro das atenções – perdoem-me, mas eu sou carneirinha. Ser o centro das atenções é algo que me importa mesmo quando tento que não importe. Sempre fui às aulas, e acho que só houve um ano em que não trabalhei no meu dia de aniversário. Gosto de chegar e de receber abraços e beijinhos e parabéns. Gosto que o meu telefone toque durante todo o dia e de receber mensagens de pessoa que achava que nunca se lembrariam de mim [é certo que o Facebook ajuda, mas ainda assim…]. Gosto de ter mimos durante o dia, seja em forma de email, de visitas inesperadas ou de simples telefonemas. Gosto. Gosto de fazer aniversário.
Há anos que me lembro de celebrar esse dia com os meus amigos. Os mais próximos, mas muitos, ainda assim. Há dois anos, estando em viagem, decidi celebrar no regresso, com duas festas: um jantar com os amigos de infância e um lanche com os outros todos. No ano passado enchi a casa com mais de vinte pessoas e fiz uma festarola com pratos e copos de plástico, comida caseira simples feita por mim e um bolo com o selo da irmã mais velha. Não me interessa ter uma festa muita elaborada. Interessa-me ter por perto as pessoas que me são importantes.
Este ano vai ser exactamente a mesma coisa: virei trabalhar no meu dia de aniversário, tentarei sair mais cedo e depois vou passar o final de semana fora, com a pessoa com quem construi uma nova família. Vai ser um bocadinho diferente, mas vai ser o meu aniversário como gosto dele: com pessoas, com aqueles de quem gosto, com trabalho, com normalidade. Mas não duvido de que vou sentir saudades de juntar toda a gente para celebrar comigo mais um ano. Aliás, tenho a certeza de que vou voltar e pensar se não deveria organizar um jantar tardio de aniversário para poder agradecer às pessoas estarem sempre na minha vida…
[E as minhas celebrações aqui.]