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Verso - pela Margarida
Ainda nunca os contei decentemente. Sei, por alto, quantos tenho, mas adio a contagem porque sei que no fundo estou em negação. Acho, racionalmente, um exagero, mas a verdade é que vou arranjando as melhores desculpas para mais um par: ou porque não tenho exactamente esta cor; ou porque estão muitos baratos; ou porque claramente os que tenho parecidos estão a ficar velho; ou porque realmente têm que se aproveitar os saldos…
Enfim. Gosto de comprar sapatos. Gosto de ter sapatos de várias cores, de vários modelos, de vários tecidos. Tenho sapatos para trabalhar e sapatos para o final de semana. E ainda os sapatos para as festas. Tenho sapatos abertos e fechados, rasos e com saltos, botas de cano alto e de meio cano, de camurça ou de pele.
Adoro sapatos de salto alto. Geralmente têm que ter no mínimo 5cm, embora possa abdicar disso no caso de serem sapatos para usar todos os dias e com os quais precise de andar mais do que 300 metros. Não troco de sapatos a meio do dia nem a meio das festas. Sapatos que calço de manhã são sapatos que tiro somente à noite; sapatos que escolho para uma festa, um casamento, um baptizado andam comigo o dia inteiro, não importa se me doem os pés ou não. Os sapatos não têm que ser somente confortáveis. Têm que ser bonitos. Têm que ter algo de nós neles.
Para mim uns sapatos bonitos fazem toda a diferença num visual. Ou porque são simples como o visual extravagante exige ou porque são extravagantes como o visual simples exige. Às vezes acho que é um exagero – ainda no outro dia pus uns dez pares de sapatos que já não uso de lado, para dar. Outras vezes olho, por exemplo, para os sapatos de vela (yep, também uso sapatos de vela) que têm dez anos e penso que foram um óptimo investimento. Tenho botas e sapatos de salto exactamente com a mesma idade. Que não só revelam que efectivamente a moda é cíclica como confirmam que os bons investimentos valem a pena, porque podem durar uma vida.
No meu armário, ao lado sapatos dourados com 10cm de salto estão All Star beringela, ténis pretos ou sabrinas castanhas listas. Ao lado dos quais estão sandálias brilhantes, sapatos com asas desenhadas ou botas simples de pele.
Adoro sapatos de autor – Christian Louboutin está no meu top of the top – e se pudesse teria efectivamente um closet com todos os sapatos que me apetecesse comprar. Em exposição, para me lembrar de que os tenho e para os poder ver. E para me lembrar de que são investimentos. Que às vezes, para ter um par de sapatos de que gosto, prescindo de jantares ou almoços fora. De finais de semana. De roupa. Mas que essas opções me fazem todo o sentido. A mim, que sou louca por sapatos.
Não tenho um closet. Não tenho os sapatos todos com que sonho. Não tenho todos os que me apetece comprar. Mas tenho muitos, é certo. E tenho alguns muito especiais. Se isso me faz uma pessoa feliz? Não, por si. Mas contribui bastante, I must say… =)
[O meu cardápio de sapatos, aqui.]