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Deitámos ao entardecer as dúvidas. Unimos os corpos e deixámos que fosse essa a matemática que responde ao problema. Os cálculos são facciosos. Moldamo-los conforme nos faz jeito, sem que atentemos à verdade dos factos. Quando os corpos suam, a matemática é a ciência menos exacta. Não há nada que permaneça imóvel. Tudo perde o nome e o sentido. Portas fecham-se para que a claridade se circunscreva ao breve momento em que a paz desce sobre a pele e se faz memória.
Estes dois corpos, duas ruas sem saída, encontrados num ponto de fuga, geometria pouco capaz. Restam os peitos que batem acelerados, o fogoso olhar em descontrolo. O tempo ganha minutos, não se sabe se não são verdadeiros os relógios de Dali. Tudo se molda.. Nada é exactamente como os corpos acreditam ser.
Já nos desafiaram tantas teorias. Contradisseram-se todas as certezas, os pantones mudaram de cor, acrescentaram-se luas ao planeta que só demora dois minutos a girar.
No amor, como nas perdas, ausentam-se as certezas dos números exactos e a vista ganha nova dimensão. E nem o silêncio, esse imperador benévolo, se mantém intacto e permanente.
No tempo em que os corpos se fundem, o que resta do mundo é uma névoa demasiado fugaz para se fazer notar.