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Sobre o livro, deixo aqui a review que escrevi no GoodReads:
Depois de ter lido "Pequena Abelha" e "Menina de Ouro" e de ter adorado os dois, faltava-me ler "Incendiário", que é o primeiro romance do autor.
Logo no início estranhei: a ausência de vírgulas foi coisa a que tive que me habituar, mas consegui fazê-lo muito rapidamente. Na verdade, sendo este livro uma carta escrita pela narradora a Osama Bin Laden, ele está escrito na linguagem que ela utiliza e não na linguagem que o autor utiliza. Só por isso, já merece ovação de pé, porque nem sempre é fácil abandonarmo-nos daquilo que escrevemos. Chris Cleave faz isso com magistral talento.
Este livro conta a história de uma mulher que perdeu o marido e o filho num ataque bombista da Al Qaeda. Vamos conhecendo a história deles à medida que ela escreve a carta a Bin Laden. Vamos também conhecendo a fundo esta mulher, as suas qualidades, as suas fraquezas, as suas falhas. Dei por mim a conseguir ouvi-la falar. Senti uma empatia enorme com este mulher que não tem nada que ver com o estereótipo da heroína a quem é arrancada a vida que tinha. Ela é uma mulher de carne e osso, real, com uma humanidade incrível. Até hoje, poucas foram as personagens de quem posso dizer o mesmo. Curiosamente, quase todas as que conheço assim saíram da "pena" de Chris Cleave.
Li este livro de um fôlego (demorei dois serões a lê-lo). Não consegui largá-lo, colou-se a mim sem me dar escapatória. Queria mesmo saber o que tinha acontecido, como é que ela sobreviveu àquelas duas pessoas que eram o centro do seu mundo. E, à medida que o livro avança, vamos percebendo que a dor continua a crescer, que o sufoco aumenta, que o cerco se aperta. Para mim, é um livro a revisitar de vez em quando. Imperdível...
Acabei de ler isto ontem e hoje aproveitei o almoço para ver o filme. Bom... os argumentistas tomaram a liberdade de escrever uma história completamente diferente! Não é cortar uma coisa ou outra para caber em 90 minutos!! É mudar coisas essenciais! Um abuso!
Ainda assim, o filme é bom, é duro... Não tanto como o livro - porque, lá está, mudaram tanto que "aligeiraram" aquelas dores todas -, mas é duro.
Recomendo, claro! Mas leiam o livro e, se quiserem ver o filme, não deixem passar muito tempo entre uma coisa e outra ou perderão pormenores importantes...