27.01.10
Hoje fiz ponto-cruz. Isso: ponto-cruz. Prova de ruralidade, suburbanidade ou o que queiram chamar-lhe. Sim, eu sei fazer ponto-cruz. E tricot. E crochet. E bilros. E arraiolos. Ná, na verdade só sei fazer ponto-cruz... e tricot... e arraiolos. Blame it on my youth. Culpem-me a família de raízes alentejanas e os imensos Verões de infância passados lá, entre cozinhados de terra, farelos dos porcos e limões e laranjas pequeninos, urtigas, sardinheiras e demais ervas-daninhas, e os lavores powered by uma tia, há muito falecida, conhecida pelo seu bigode e pelo jeito que tinha para estas coisas. Ensinou-me, igualmente, a cortar papel sem me cortar a mim e era assim que enfeitávamos, eu e as minhas primas - de quem, a propósito, não sei nada vai para uma mão cheia de anos - o nosso pedaço de rua para as festas de Agosto. Para a procissão, para ver passar o andor. Para a passagem de modelos. Tema para outro post.
Entretanto, e porque nem tudo é ruralidade, aqui a menina cresceu, bateu com os costados nos seus imberbes (e imbecis) catorze anos e tomou-se de amores por um garboso jovem com sotaque do Norte, que fez o favor de lhe mostrar o que eram beijos como deve ser, amassos nas traseiras da piscina e depois do fim da terra, naquele recanto dado às descobertas a que se convencionou chamar Alminhas - e onde havia sempre fila para o calhau mais escondido da estrada, tal a quantidade de miúdas tomadas de amores por garbosos rapazes, hoje todos pais de filhos, excepto, claro está, o garboso rapaz com sotaque do Norte, Deus lhe mantenha o dom para os beijos que não lhe hão-de faltar mulheres para beijar.
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