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Os mais atentos que me lêem sabem que tenho blog há quase 10 anos. Isso, uma década. Fui mudando de poiso, mas a "linha editorial" nunca variou muito. A minha vida, sim.
Quando comecei o meu primeiro blog era uma miúda de 24 anos que tinha uma vida de miúda de 24 anos. Ainda vivia com os meus pais, trabalhava, ia tendo uns namorados e umas coisas parecidas, saía muito, andava sempre em jantares e sessões de copos. O normal, portanto. Era disto tudo que falava no blog, porque era esta a minha vida.
O tempo passou. Engravidei e achei que não ia deixar de ter o blog que sempre tive e que não ia deixar de falar dos assuntos de sempre, para passar a falar só da gravidez e do bebé e afins. Enganei-me redondamente. Por força das circunstâncias abandonei o meu blog público, abri um privado e continuei a escrever... mas passei a ter um baby blog em vez de ter um "lady blog". Normal, diria eu. Pois se a minha vida tinha mudado... se tudo girava em torno daquela bebé, era natural que a minha escrita andasse quase toda à volta do mesmo. Não me chateei muito com isso. Claro que fui sempre metendo outros assuntos pelo meio, porque, apesar de ser mãe, eu não era apenas mãe e continuava a ter interesses para além da maternidade, mas assumi o rótulo do blog e não quis desviar-me muito dele.
Em 2009, quando comecei este blog, a ideia era distanciar-me dos assuntos da órbita da maternidade. Queria sentir-me outra vez eu - não que eu fosse menos "eu" por ser mãe, mas sentia que estava a escrever num espaço que tinha um propósito mais reduzido do que aquilo que eu queria na altura. Senti que era a altura certa: a minha filha já tinha um ano e tal, já não era um absorvente ultrapotente de atenção e eu já tinha regressado ao mundo, depois de ter andado durante algum tempo naquela bolha.
Não tenho um baby blog. Tenho um my-life-blog. E a minha vida inclui duas crianças, por isso é natural que fale delas de vez em quando. Não falo só delas, mas falo muito delas porque a minha vida é assim mesmo - e o que vocês vão lendo aqui não é mais do que isto: a minha vida.
Não estranho nada quando um blog, até então mundano e "normal", passa a ser uma espécie de baby blog por força da parentalidade de quem o escreve. Faz parte, são coisas da vida. E, a menos que o/a autor/a se torne um/a chato/a obcecado/a com o assunto, que a escrita vire dicionário cutchi-cuthci, não é por causa disso que deixo de ler. Não tenho um radar anti baby blog nem nada que se pareça. Há baby blogs muito mais giros e divertidos do que muitos blogs ditos normais. E há, parece-me, uma nova corrente de mummy-blogs (alguns dos quais muito chatos, porque passam a vida a "evangelizar" em tom paternalista e isto, sim, é coisa que me faz deixar de ler um blog) que conseguem um bom equilíbrio entre assuntos de filhos e assuntos de mães.
Aqui há dias, quando a Pipoca anunciou a gravidez, deixou bem claro que o blog dela não vai ser um baby blog. Talvez não. Mas há-de ser um life-blog e mesmo que o pipoco não vire eixo em torno do qual tudo gire, há-de aparecer. É normal, é natural e o blog não perderá a essência por causa disso. Porque um blog é sempre de quem o escreve e, a menos que seja um blog ficcionado, falará sempre da realidade do autor. E nesta realidade cabem filhos, cães, gatos, canários, patos e cavalos, roupa e sapatos, viagens e refeições. É normal. Nós evoluímos, a nossa vida evolui e os blogs também. E ainda bem!