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Eu sou a miúda que, com 18 anos, teve um acidente de carro com os pais. Na altura não era obrigatório o uso de cinto atrás e eu... não levava cinto. Ainda para mais estava calor e era chato. O meu pai despistou-se, andou a dar beijinhos aos rails no IC19 e eu parti um vidro com a cabeça. Esse vidro, ao desfazer-se, fez-me dois cortes grandes no braço direito. Eu levava a mão direita apoiada no encosto de cabeceira do banco do pendura, o que fazia com que tivesse o braço todo esticado. Desloquei todos os ossos desse braço... Estive uma data de horas com o braço nessa posição, à "heil, hitler", sendo que conseguia ver um osso do ombro sem olhar para o lado (tal era o deslocamento) e tinha o osso do cotovelo virado para a frente (tal era o deslocamento). O braço foi ao sítio durante a espera pelos médicos, não tive que ser operada a nada. Fui eu que, quando chegámos a casa, fui pedir à minha tia, que morava no andar de cima, que me desse um calmante porque eu estava com um pico de adrenalina tal que não sentia nada. Os meus pais não se lembram do acidente, eu lembro-me de tudo. O meu pai perdeu os óculos de sol durante o despiste e fui eu que lhe disse onde é que eles estavam (no meio do separador central, no IC19... ele foi lá mais tarde e resgatou os óculos, exactamente onde eu disse que estavam). Fiquei com uma cicatriz grande no braço, que ainda hoje tenho, apesar de me terem sugerido na altura que fizesse uma operação plástica para retirar a cicatriz (resposta minha a essa sugestão: "operação plástica a isto? Ainda se fosse à cara... agora a isto não, mesmo! Fica de recordação"). Portanto, perante este cenário passível de pânicos, eu reagi friamente e sem galinhices. Infelizmente, não passei o gene à minha filha.
Há bocado, depois de o puto partir o porta-velas, fui logo varrer. Acontece que houve um micro mini nano vidrinho que saltou para cima do tapete. Acontece também que a miúda mais velha - que adora andar descalça - passou exactamente por cima do micro mini nano vidrinho e espetou-o no pé. Estive três horas e meia, sozinha, a tentar tirar-lhe aquilo com ajuda de uma pinça. Fiz de tudo: prometi prendas e gelados, borrifei-a com soro fisiológico, pu-la a fazer o mesmo às bonecas, deixei que ela tocasse na "ferida", tudo para ver se ela colaborava. Ela chorou, berrou, gritou, esperneou... e eu não consegui tirar aquilo. Falei com os meus pais, que vieram cá ter. Estivemos mais uma hora, os três, agarrados a ela, a tentar tirar o micro mini nano vidrinho do pé dela. E ela a berrar, a gritar, a espernear, a suar em bica. Parecia um poltergeist, a engrossar a voz para gritar. Dantesco. Finalmente lá consegui tirar aquilo que era, efectivamente, uma coisa micromininanoscópica. Quatro horas e meia, três pessoas, para tirar aquela merdice mínima do pé da garota. Há genes que lamento mesmo não ter passado. Este é claramente um deles... E estou absolutamente derreada depois desta saga inacreditável!