Quando eu era uma miúda solteira, sem filhos e sem preocupações de maior, gostava de andar a par das tendências da moda e comprava uma ou outra coisa que "eles" diziam que se usava e que me ficava bem.
Nunca fui um ícone de estilo (hell, no!), nunca fui daquelas pessoas de passar na rua e virar olhos de "está tão bem vestida!". Nunca fui, sequer, um supra-sumo da elegância. Sempre fui uma miúda normal (com menos 15 quilos do que peso agora, mas isso não vem ao caso) e nunca me senti mal por isso. Talvez por sempre ter trabalhado em comunicação e em publicidade, nunca me deu para investir muito em peças super chiques e elegantes que, no fundo, não têm nada a ver comigo.
Eu sou pela descontracção. Sou pelo easy-wearing. Sou pelo conforto. E sou pelo diferente. Mas não sou muito diferente da maioria.
Agora, casada, mais de filhos, com mais com que me chatear, estou-me bem nas tintas para o que se usa, para as tendências, para o leopard print, para as calças subidas, para os looks "olha, afinal estamos em 1984". Continuo a ser pelo conforto e pela descontracção. Não invalida que goste de melhorar. Não invalida que tenha andado meses à procura de umas sandálias de salto alto como deve ser. Não invalida que goste de ir às lojas e ver o que há por lá. Mas daí a vestir-me como se fosse uma montra ou um anúncio numa revista, vai uma looooooooooonga distância.
No fundo, sou uma mulher simples. Não me preocupo em saber se estou na moda. Who cares? Sei que consigo correr para o metro, sei que consigo aguentar o dia inteiro nos sapatos que escolho e isso basta. E sei que não ando feita atentado visual, o que também não me parece mau de todo (e toda a gente - normal, entenda-se - sabe que a maioria dos fashion blogs parecem verdadeiros elogios ao Mardi Gras, ao Carnaval de Ovar e ao Ano Novo Chinês, all in one (olá, Pipi, miss our late night chats!!).
E sei, acima de tudo, que tenho mais com que me entreter. E sei que o que eu visto não me resume. Não preciso de me vestir de maneira XPTO para me sentir eu. Isto não invalida que haja um boost no ânimo sempre que as sandálias rasas dão lugar às altas.
Como hoje. E hoje espelha bem aquilo que eu sou enquanto "ser vestido": top branco, simples (da C&A), calças de ganga simples (nada de boyfriend's jeans nem quejandos - e estas são da Blanco, velhinhas, velhinhas e gastas!), sandálias de tiras, de salto alto, num tom de dourado velho (da Foreva, compradas, se não me falha a memória, em 2005). Um colar (e eu uso colares aí 5 dias por ano), uns brincos (que, curiosamente, ainda não me puseram as orelhas em carne viva, o que é verdadeiramente espantoso) e umas pulseiras douradas e azul turquesa. De manhã, como estava fresco, trazia um casaco salmão, que ligava lindamente (e completamente por acaso, na verdade!) com a Notting Hill que finalmente fiz para mim. E não, não estou de árvore de natal. Estou até bastante sóbria. E normal. E aposto que, se me vissem no metro, nem davam pela minha presença... (oh, well, agora com esta descrição exaustiva talvez dessem!)