04.12.09
Eu digo muitas vezes que não dava para dondoca - e por "dondoca" entenda-se ficar em casa a tomar conta dos filhos (se calhar devia usar o outro termo que uso muitas vezes: stay-at-home-mom). Mas. Estou de férias e ainda não parei um bocadinho. Descansar - que é para isso que as férias servem -, 'tá quieto. Na semana que vem vou trabalhar mais cansada do que estava quando vim de férias. E dou por mim a repensar se não me daria bem como stay-at-home-mom.
As idiotas das feministas, quando desataram a exigir direitos iguais, esqueceram-se que, para as coisas serem realmente equilibradas, os homens teriam que abdicar de alguns hábitos (que eu acho que entretanto passaram para o cromossoma Y e, portanto, nascem todos com eles enraizadinhos). Para haver igualdade, os homens teriam que fazer tudo o que as mulheres fazem. E toda a gente sabe que isso é um mito, uma fantasia, um mero fairytale.
Antes de terem desatado a exigir os mesmos direitos em termos de trabalho, as idiotas das feministas deviam ter-se assegurado que teriam em casa quem dividisse irmamente as tarefas com elas. Não aconteceu. Portanto o que aconteceu foi que as mulheres passaram a ter que trabalhar (e, obviamente, não são todas), mas não deixaram de ter que fazer as 1500 coisas que já faziam antes de terem mais oito horas do seu dia empatadas a fingir que são iguais aos homens. Não digo com isto que as mulheres são piores profissionais que os homens. Como em tudo, há para todos os géneros.
Eu trabalho sete horas e meia por dia, às vezes mais. Antes de ir trabalhar já organizei o dia à criança pequena. Depois de sair do trabalho ainda tenho mais umas duas ou três horas de trabalho caseiro pela frente. O meu marido nem é dos que trabalha pouco e chega a casa e não faz nenhum: levanta-se todos os dias às cinco da manhã, começa a trabalhar às seis e só sai às sete e meia da tarde (com uns intervalos pelo caminho, claro) - é o que dá não ter patrões. Mas chega a casa, dá banho à miúda e senta-se para jantar. Põe a miúda para dormir e deita-se ele também. Pelo meio, ali ando eu, a ser mulher e a fingir que sou como os homens. Uma canseira.
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