27.04.10
Lá na Herdade estava um grupo composto por quatro casais, uma mulher "extra" e seis miúdos. Gente de berço, elegantérrima, chiquésima, que trata os filhos por você, que se tratam entre eles por você e que não tinham mais de 40 anos. Um must, portanto. Gente daquela que fala com os cantos da boca para baixo e que diz coisas como "maçada", "Ó Bernardo, pare já com isso, querido" e afins. Os miúdos (a mais velha com 9 anos, a mais nova com 4, os outros ali pelo meio, três rapazes, três raparigas) a tratarem-se uns aos outros por você, "ó Gracinha, venha cá", "Manel, onde é que foi?", "quer jogar à bola, Vasco?" e por aí adiante. Chiquésimos, já disse?
Às tantas a minha cria andava lá a brincar com eles (é assim, de vez em quando misturam-se com o povo, uma espécie de coisa meio National Geographic. E uma das mães sempre a chamá-los. E eu já a passar-me. E os miúdos sempre a virem para ao pé de nós, conversar. E nós a tratarmo-los por tu, como as pessoas normais fazem. E eles na boa. Educadíssimos, é um facto, mas à vontade.
A meio do jantar de sábado a minha filha foi pintar para ao pé deles, para uma salinha de pinturas improvisada. E eu fui indo controlar. A dada altura, para chegar à tal sala, passava-se por um corredor e por uma salinha de estar. E lá estava um dos miúdos sentado de perna aberta, outro dos miúdos (rapazes, os dois) de joelhos em frente ao primeiro, cabeça enfiada no meio das pernas do outro. Passei, levantei o sobrolho e não disse nada. Mas o que estava sentado desatou a guinchar "ajude-me, o Bernardo quer-me morder a pilinha". Elegantérrimos. De berço. E ainda assim...
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