22.10.10
Hoje, numa conversa circunstancial, atiraram-me um
O teu ex-namorado trocou-te pela Ana, não foi?
Eu parei e pensei no que dizer. Não, não trocou. Acabámos e passado um tempo eles começaram a namorar. Ou. Sim, foi isso. Optei pela verdade: sim, foi isso. Fui trocada pela Ana. E na altura andava com os olhos a saltarem-me das órbitas de tanto chorar. Desgraçadinha da vida, sem saber o que fazer nem como respirar dali em diante. Depois, como tudo, passou. Passou a angústia, a saudade, a raiva, o desespero. Regressaram as amizades, com ele e com ela (de quem eu era amiga antes de ter o que quer que fosse com ele). No processo de andar a carpir as mágoas asneirei e tratei mal a Ana. No processo de recuperação cheguei-me à frente e fiz o que fazem as pessoas crescidas: fui falar com ela e pedi-lhe desculpa pelas minhas atitudes. Felizmente a Ana é uma miúda em condições e andou para a frente. Andámos.
Mas hoje, quando me perguntaram aquilo, deparei-me com um "responder e ficar por cima" ou "responder e assumir as coisas como elas são". Quantas de nós assumem que foram deixadas, trocadas, traídas, enganadas, substituídas? Quantas de nós o assumem sem que vejam nisso um arrombo na auto-estima, uma facada no peito, uma ferida para sempre? E o que será melhor, tapar o sol com a peneira, dizer algo mais para nos convencermos a nós do que aos outros, ou dizer a verdade, crua, gelada, e assumir que, naquela situação, fomos o elo mais fraco, adeus?
Hoje aprendi, naqueles milésimos de segundo em que ponderei a resposta, que mais vale enfrentar, encarar as coisas como elas são. Portanto sim, o meu ex-namorado trocou-me pela Ana. E fez ele bem, que nós não estávamos meant to be e a Ana é uma mulher do caraças.
Autoria e outros dados (tags, etc)