Confesso: nunca pensei dizer isto. Sim, é preconceito, mas acho mesmo que a ficção lusa anda a anos-luz da americana e da britânica. Falo de séries, não de filmes. E nunca pensei dizer isto. Há uma série portuguesa que A-D-O-R-O. Chama-se "Maternidade". Passa-se num hospital privado e retrata a maternidade, claro.
O problema das séries (e das novelas) portuguesas começa num ponto: nos guiões. Este, não sendo brilhante, não é horrível. Há temas que podiam ser mais bem explorados, mais aprofundados, mas não está mal. Não é uma série médica, é uma série sobre relações humanas que se passa num hospital, pelo que acho que demasiado aprofundamento técnico é escusado.
O segundo grande problema da ficção que se faz por cá são os actores. Qualquer pessoa pode ser actor desde que cumpra um de três requisitos: ser bonito, conhecer as pessoas certas, ir para a cama com as pessoas certas. Os actores que não são actores por terem preenchido um destes requisitos mas sim por terem talento raramente se metem a fazer novelas.
Acontece que o elenco de "Maternidade" é bom. Tem a Lúcia Moniz, que eu acho uma grande, grande actriz. Tem o José Fidalgo, que, além de ser giro que dói, é um excelente actor. Tem a Custódia Gallego que me caiu no goto depois do "Esquece Tudo o que te Disse", um filme fabuloso que vi há uns anos (português, que eu sou das que acha que há bom cinema português).Tem o Alexandre Sousa, que é um guilty pleasure do caraças...
E a série não mete família nova rica e queque versus família de pescadores/agricultores/whatever, nem homicídios manhosos nem morangadas afins. Fala só de pessoas, de sentimentos, de medos, de conquistas. Não é uma Anatomia de Grey, nem é suposto. Mas é boa. E dá aos domingos ao final da tarde no canal HD da RTP. Recomendo mesmo!