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Em 2013 gostava de:
- trabalhar mais: continuar a escrever crónicas para o Sapo e, quem sabe, escrever crónicas para mais uns sítios. O sonho? Uma crónica mensal numa revista.
- trabalhar mais: fazer stock das minhas peças, reactivar a loja no Etsy, dar vida a uma série de peças que tenho idealizadas.
- ler muito: ir muitas vezes à bilioteca e ler muito do que tenho em casa à espera de vez. Cumpri o meu objectivo de leitura para 2012 (queria ler 12 livros, já li 18 e ainda tenho mais uma semana e pouco de tempo para ler - não devo chegar aos 24 livros lidos, mas era bonito!).
- ver muito cinema do bom: há-de ser mais em casa do que no cinema propriamente dito, mas é bom na mesma. Em 2012 resolvi (a meio do ano!) que queria ver 52 filmes. Até agora vi 43. Nas férias conto ver mais nove, obviamente! Para 2013 o objectivo é o mesmo: um filme por semana, pelo menos (ainda que possa acontecer ver dois ou três filmes num dia e passar um mês sem ver nenhum!).
- passear muito: Sintra, Lisboa, Cascais, Mafra, Alentejo.
- o sonho (impossível) era fazer uma viagem: gostava muito de ir a Paris, desta feita não em trabalho, mas com o marido. Não vai acontecer mas fica o registo.
- alimentar as amizades: as minhas BFFs, o meu "grupo das mães", os amigos da faculdade. Tudo como até aqui, com muitas horas de conversa, gargalhada e a certeza de que somos todos ombros onde os outros podem chorar.
- escrever. Muito. Todos os dias. Escrever mais aqui. Terminar os livros. Escrever como quem respira (oh, well, para mim é quase o mesmo!).
- mas, mais importante do que isto tudo, continuar a ver todos os dias os sorrisos das pessoas que mais amo: os meus filhos, o meu marido e os meus pais. Que todos tenhamos saúde e que sejamos sempre felizes com a vida que temos (tentando não perder muito tempo a pensar na que não temos).
Aqui.
[Antes que perguntem, não, o blog não é meu.]
Começa hoje (ou começou ontem, nunca sei, não importa). Significa que ontem (ou anteontem, nunca sei, não importa) foi a noite mais longa do ano. Daqui até Junho é sempre a subir. Para mim, hoje (ou ontem, whatever) é o início de um tempo bom. Um prenúncio de coisas boas, de dias felizes, de momentos memoráveis... Gosto disto!
Pelo sim, pelo não, acho melhor despedir-me, não vá o mundo esbardalhar-se mesmo amanhã. Se for o caso, olhem, gostei muito deste bocadinho! Fui feliz, tive uma infância gira, aterrei numa família porreira, de gente simples e esperta como se quer, apaixonei-me e desapaixonei-me e não deixei escapar o amor da minha vida (embora tenha ameaçado!). Tive dos filhos lindos e chateia-me um bocado, caso o mundo acabe mesmo, não poder passar mais tempo com eles. Viajei para sítios bonitos e interessantes, mas fica a faltar Nova Iorque, Istanbul, Paris (outra vez), Roma (outra vez), Cairo, Kyoto e, com jeitinho, ainda arranjava mais uma mão cheia de sítios onde gostava mesmo de ir. Não fiz algumas coisas que adorava ter feito: não aprendi a fazer surf, não me atirei de um avião munida de um páraquedas, não nadei noutro sítio que não o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo, não entrei num filme, não escrevi um livro, não plantei árvores (true... sad, but true! Nunca celebrei um Dia da Árvore plantando uma! Inacreditável, eu sei!). Fiz outras coisas que adorei fazer: li muito, vi filmes que me moldaram enquanto pessoa, ri e chorei, tive amigos fabulosos, fiz karate, fiz teatro, fiz campismo selvagem, aprendi que é bom poder viver segundo a máxima "take it slow". E segundo a outra, a minha preferida, "go with the flow". Aprendi que o mundo não acaba amanhã... ou se calhar acaba e, se for o caso, aqui fica a despedida. Em não acabando, amanhã à mesma hora, cá estarei como de costume.
Quando as palavras todas não cabem na saudade, como é que fazemos? Acordei hoje a pensar em si. Vi-o do fim para o início. Primeiro, morto, em cima da cama, um lenço outrora branco, agora amarelado pelo tempo a segurar-lhe o queixo para que o rosto não perdesse a forma. Morto e frio, cinzento, com o sangue estático e a alma ausente. Depois doente, descolorido e esquálido, deitado em cima do sofá, sempre cheio de frio, com a vida a abandoná-lo devagarinho. Depois sentado à porta, na cadeira de rodas, a beber um batido e a fumar um cigarro, a dizer que qualquer dia se acabava tudo (e ainda faltava tanto). Sentado no banco de ferro pintado de verde, com o sol quente do agosto alentejano a bater-lhe nas pernas, doente, com a sentença de morte assinada mas ainda assim a querer viver, a gostar de viver, a ter todos os dias razões para viver. Depois cá, na cidade onde viveu quase toda a vida, já velhote mas ainda capaz. A encher cartuchos com chumbo, enquanto me ensinava o processo, eu a ajudá-lo, você a contar-me histórias de caça pelo caminho. Depois comigo, de mão dada na rua, eu com dentes de leite já caídos, uma mohila amarela às costas, a regressar da escola para ir almoçar ali, no meu ninho, na casa dos avós. Almoçávamos sempre na sala, cada um com um banco à frente, a televisão ligada para entreter. Os mimos, as histórias, os beijos, a vida, a herança genetica que me deixou. Que deixou em todos nós, que somos iguais a si, uns fisicamente, outros nas preferências. Eu, neta mais velha, tenho tanto de si dentro de mim. A fatia maior é esta saudade gigante, uma gárgula imponente que me rasga todos os dias. Um amor, que mesmo vivo em monólogo há cinco anos, é maior a cada dia que passa. Porque não se esquecem os amores mortos, nem se enterra quem levou tanto de nós e deixou na nossa carne o que tinha de melhor em si.
Na sala da minha filha há um menino a quem foi diagnosticada leucemia há três anos. Calha ser filho de uns amigos meus de adolescência, portanto fui sabendo da história (mais agora, que os nossos filhos são colegas). Ele fez o último medulograma na semana passada. Hoje cruzei-me com a mãe dele e perguntei se ele estava bem. Ela percebeu a pergunta, abriu um sorriso gigante e disse que sim, que está tudo bem, tudo resolvido. Curado. E eu chorei. Fiz o resto do caminho de lágrimas a correr pela cara e de sorriso posto. Ainda bem que ele conseguiu! E espero que muitos mais sobrevivam, como ele.
[A propósito... já foram inscrever-se como dadores? Ajudem lá a que mais miúdos como este - e não só - possam dizer a mesma coisa: que estão curados!!]
Constipei-me. Muito. Espera-me um Natal lindo...
Talvez já se tenham apercebido: os meus escritores preferidos são portugueses. Saramago, João Tordo, José Luís Peixoto. Depois há o Nuno Amado, cavalo em quem aposto sem reservas. Descobri ontem o Nuno Camarneiro. Sim, já tinha ouvido falar dele. Mas ontem, depois de o saber vencedor do Prémio Leya 2012, fui investigar e encontrei-lhe o blog. E perdi-me. E é isto: em Portugal escreve-se magistralmente.
(Também se escreve muita porcaria, a Margarida Rebelo Pinto continua a escrever e isso baixa muito o nível geral do que se escreve por cá, mas enfim... adiante!)
[E ando a ler aquele disparate em 1500 páginas que atende por "Sombras de Grey". Estou a ler o segundo livro. Uma idiotice pegada. Há quem se prenda ao livro pela história de amor (previsível, básica); há quem se prenda pelo sexo (irreal, nada de impressionante, descrições fraquinhas e pouco consistentes); eu prendi-me pela psicologia: quero saber como é que o Grey se transformou naquilo que é.]
São 12:12 do dia 12.12.12.
Era isto. Ide em paz.
Durante o ano que passou a Magda, aka, Mum's the Boss, foi entrevistando algumas pessoas. Eu fui uma das lucky few. Agora, para comemorar o feito (dela, que entrevistou uma data de gente, e que fez com que as entrevistas fossem giras de responder e de ler também), fomos nós, os entrevistados, que a entrevistámos. O resultado está hoje aqui.
[E aqui a parte que me coube.]
Tenho assim uma montanha épica de trabalho para terminar antes do Natal. Felizmente! Posto isto: o Come Along regressa em 2013. Os contos regressam em 2013 (ainda sairá um, na semana que vem, mas depois deste só mesmo em janeiro). Novidades em 2013.
Por aqui, haverá posts com a frequência que for possível - que não é, de todo, a frequência que desejo mas... Se o Sapo já tivesse uma App para smartphones era tão mais fácil postar... (eu sei que dá para postar via smartphone, mas é preciso dar voltas e não é muito rápido pelo que acabo por não escrever a não ser quando estou no computador. Ora, para estar no computador não posso estar na máquina de costura... Ora, dado o volume de trabalho que tenho, não consigo estar muito tempo no computador, porque preciso mesmo de estar na máquina de costura...
[Têm sido dias bons, mas muito cansativos e altamente desafiadores. Chegar a todo o lado não é pêra doce, mas consegue-se!]