16.07.10
Há sete anos e um mês (isso mesmo: sete anos mais um mês) saiu uma reportagem sobre blogs na Visão. Na altura eu trabalhava em Alvalade, numa sub-cave com um jardim porreiro, com uma equipa de quem ainda hoje sou amiga, para um patrão que ainda hoje me liga para saber se eu estou bem e a quem eu ligo para saber se está bem. Acho que isto diz muito da empresa em questão. Adiante.
Era quinta-feira, o meu colega Filipe comprou a Visão, eu folheei e parei na reportagem sobre os blogs. Não fazia a mínima ideia do que era aquilo mas, curiosa como sou, quis ir ver, experimentar. E nasceu uma coisa chamada "O outro lado da lua". Durou não sei bem quanto tempo. Mas um dia, já não sei porquê, mudei e nasceu o "Boneca de Papel". Que durou até o lado mau da blogosfera - a gentinha energúmena, desocupada, inconsequente e essencialmente parva - me começar a atazanar dia e noite, como se não tivessem vida para além daquilo. Nasceu assim o "Lady Samurai", privatizado, sossegado e tranquilo como era suposto. Depois, quando surgiu a minha filha, criei um outro blog onde registei todo o percurso, todas as ansiedades, todas as certezas, todos os momentos. Depois, cansada do discurso exclusivamente maternal - eu, que não sou exclusivamente mãe -, resolvi mudar de novo e foi assim que nasceu este blog.
Sou a mesma pessoa que, movida pela curiosidade, criou "O outro lado da lua". Mudei, claro, nestes sete anos, como toda a gente muda em sete anos. Deixei de viver com os meus pais, vivi sozinha 4 anos, bati com a cabeça nas paredes mil vezes, ri, chorei, desesperei, fui muito feliz, tive uma filha, casei, tenho outro filho a caminho e de maneiras que é isto. Mas, no essencial, sou a mesma pessoa que era quando tudo começou.
Acontece que o blog (chamo-lhes "o blog" porque, apesar de terem sido vários, para mim é como se fossem apenas um) também me trouxe coisas muito, muito boas: as minhas melhores amigas, pessoas que conheci e que me ensinaram muito, pessoas que, não tendo conhecido pessoalmente (ainda), me dão mais amizade do que muitos amigos do mundo dito real.
Uma dessas pessoas, em particular, teve hoje o mérito de mudar o meu dia. Uma lembrança enviada, um texto a acompanhar. E foram essas palavras que me tocaram. E é por isto, pelos gestos de carinho, pela amizade, pelos sorrisos, que escrever num blog continua a valer a pena.
Por isso, muito, muito obrigada, Filipa! Do coração!
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