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Mais uma...

02.05.13

Então, a pedido de uma leitora, cá vai a explicação acerca do à e do á.

 

"Vamos às festas da cidade?"

 

"Ele é um ás a jogar à bola"

 

Regra: quando se usa a palavra às/à estamos a referir-nos a uma acção em relação a alguma pessoa ou coisa (ir à cozinha, dizer à avó, lavar a roupa à mão, etc.) - nestes casos o acento é grave, ou seja, da esquerda para a direita.

 

A palavra ás usa-se para nos referirmos a cartas de jogar (ás de ouros), ao lado do dado ou à peça de dominó que só tem uma pinta e usamo-la também como adjectivo (ás do volante, etc.). O acento é agudo (da direita para a esquerda) e esta palavra não tem singular. Ou seja, á é um unicórnio.

 

(Como as ocasiões em que se usa a palavra ás são escassas, acho que é mais fácil interiorizar que a forma mais comum de acentuar esta palavra é da esquerda para a direita.)

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Último post sobre cenas de Português (ou não)

02.05.13

Vôo, flôr, côr, enjôo... UNICÓRNIOS.

 

Nenhuma destas palavras leva acento. Nunca, em caso nenhum. Ponto final.

 

Com o acordo ortográfico, coisa como vêem, dêem, lêem também ficam sem acento. Calha que eu não uso o AO, portanto ainda não me rejo por isto.

 

Ah, e para aquelas pessoas que usam o argumento "com o AO eu escrevo como eu quiser"... não é bem assim. Coisas como Egipto sim, cada um poderá escrever conforme diz. Agora Voçê não passa a poder levar cedilha só porque existe uma coisa chamada AO, ok?

 

[E esta é a razão pela qual eu discordo em absoluto deste AO: privilegia-se a oralidade em detrimento da escrita. A ideia é uniformizar, de acordo com a forma como se fala, mas isso é, vá, idiota. Porque, consoantes os países de origem falamos de forma diferente. Uma mesma língua tem peculariedades consoante é falada (e escrita) cá e no Brasil, por exemplo. Acontece o mesmo com o Inglês de Inglaterra e o dos Estados Unidos. Há uma série de palavras que são escritas de forma diferente, significando o mesmo, e ninguém se zanga por causa disso (colour/color, por exemplo). Acho que, se a ideia era simplificar, foi dado um enorme tiro no pé. Para mim não é mais simples ler "para" em vez de "pára". E já me aconteceu ter que voltar atrás em frases escritas assim, por estar a soar-me mal aquele "para" ali no meio...]

 

***

"Traz leite".

 

"Olha para trás".

 

Traz, do verbo trazer, e trás, advérbio de lugar, são coisas diferentes e são para usar de formas diferentes.

 

Atráz não existe. "Trás-me cigarros" também não.

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(Isto está a tornar-se diário...)

02.05.13

Assaram ou assarão?

 

Ambas, dependendo do tempo verbal que queremos usar! "Ontem eles assaram pimentos" ou "amanhã eles assarão pimentos".

 

Coisas como faram, diram, seram... são unicórnios. Puserão, disserão, forão... também são unicórnios. 

 

Regra: se está no passado, usa-se a terminação -am. Se está no futuro, usa-se -ão.

 

***

 

Houve ou Ouve?

 

Ambas, dependendo do verbo que estamos a usar! "Houve resposta?" ou "ouve alguma coisa?". Na primeira, poderíamos usar "existiu resposta?"; a segunda é uma aplicação do verbo ouvir.

 

Agora, "houve o que estou a dizer" e "ouve briga" são unicórnios...

 

***

 

Houveram problemas ou houve problemas?

 

E chegámos a parte mais complicada destas pequenas dicas que tenho deixado aqui...

 

O verbo haver, no sentido de “existir”, é impessoal, ou seja, não tem sujeito e deve aparecer sempre na terceira pessoa do singular. Se houver um verbo aulixiar, este será afetado pela mesma impessoalidade, ou seja, deverá sempre ser flexionado no singular.


Exemplos:


"Deve haver mais candidatos" e não "devem haver mais candidatos".


"Poderá haver outras exigências" e não "poderão haver outras exigências".

 

Neste caso, os candidatos e as exigências não são sujeitos mas sim complementos, pelo que não obedecem à regra da concordância (por norma, verbos e sujeitos devem concordar em número e género - "Elas são loiras" e não "elas são loira").


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Se calhar...

30.04.13

Secalhar. Concerteza. Àparte... UNICÓRNIOS!

 

Se calhar, com certeza, à parte - são estas as formas correctas da coisa. Não há excepções: são sempre duas palavras e não apenas uma.

 

Adenda: aparte existe. Sem acento. "Um pequeno aparte: precisamos de falar."

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Mais duas ou três coisas da nossa língua amada

30.04.13

Ç ou C? Simples. Se a vogal seguinte for um e ou um i, então é sempre, SEMPRE, C. Se a vogal a seguir for a, o ou u, então depende do som.

 

Exemplos:

 

"Vou à caça. Nunca cacei nada, mas hoje vou ver se caço".

 

"Esta cidade é linda. Vocês não acham? Tem tantas construções de aço...".

 

"Fui acusado de roubar açucenas".

 

Portanto coisas como çidade, veloçidade e voçês são como os unicórnios: muita gente acredita neles, mas não existem!

 

Quando a palavra tem uma sílaba com som "ssss" usa-se a cedilha, nos casos em que ao C se segue um A, um O ou um U. O C junto do E e do I nunca tem um som "q", mas apenas "ssss" - Cidade, por exemplo. Já com as outras vogais pode ter som "ssss" ou "q", sendo que para ter o som "ssss" leva a cedilha - traça, caço, açucena / caso, coser, cueiros.

 

 

***

 

ou À? Simples: se se refere a tempo ou se pudermos substituir a palavra por uma forma do verbo existir, é sempre, SEMPRE, Há. Se se refere a coisas, pessoas ou lugares, é sempre, SEMPRE, à (e essas coisas, pessoas ou lugares são sempre do género feminino).

 

Exemplos:

 

" bocado liguei-te. Tinhas ido à rua?"

 

"Subi à árvore e caí."

 

" quantos anos casaste?"

 

"Ela disse à irmã que não ia à festa. Não se vêem montes de tempo e ela ficou à nora..."

 

"Aqui não perigo. Não animais selvagens." - Aqui podíamos dizer "aqui não existe perigo. Não existem animais selvagens."

 

***

 

"Chamas-te João" não é o mesmo que "Chamaste o João", ok?

 

Fizes-te, fos-te, disses-te, andas-te, telefonas-te... são unicórnios, está bem?

 

Então qual é o truque? Das palavras ali de cima só o "andas-te" pode ser usado mas não enquanto pretérito. Por exemplo:

 

"Andaste a correr?"

 

"Andas-te a esforçar?"

 

A primeira remete para o passado. A segunda é presente e tem um pronome pessoal ali no meio. Ou seja, se pudermos passar o -te para outro lugar na frase então ele deve ser separado do verbo e levar hífen. Se não pudermos pegar nisso e pôr noutro sítio então é sem hífen.

 

"Andas a esforçar-te?" - Esta forma é até mais correcta do que a anterior, porque os pronomes devem vir depois do segundo verbo, quando um se relaciona com o outro. Outro exemplo "Quero-te dizer uma coisa" é menos correcto do que "quero dizer-te uma coisa".

 

Há ainda uma forma mais "básica" de colocar a oração: "te andas a esforçar?". Não sendo exactamente correcta, não deixa de fazer sentido...

 

Peguem lá nos exemplos que dei lá em cima e vejam se conseguem tirar os -te e pô-los noutro lado...

 

"Te fizes o quê?" ou "Fizeste o quê?"

"Te fos onde?" ou "Foste onde?"

"Te disses o quê?" ou "Disseste o quê?"

"Te telefonas ontem?" ou "Telefonaste ontem?"

 

Pois...

 

Mais uma vez, o -te é um pronome, portanto refere-se a alguém. "Chamas-te João" quer dizer que tu tens o nome João - e a frase está no presente do indicativo. "Chamas-te o João" não é nada. A forma correcta é "Chamaste o João", como quem diz que, no passado, aconteceu uma acção.

 

***


Os advérbios de modo NUNCA levam acentos. Ah, e tal, que'ssa merda de um advérbio de modo? Coisas como obviamente, possivelmente, terrivelmente, pessimamente, agradavelmente... são advérbios de modo. Ou seja, são adjectivos na sua forma feminina (ex.: óbvia) a que se junta o sufixo -mente (há outros advérbios de modo, mas não interessam para o caso).

 

Portanto, aqui a regra é super simples: NUNCA há acentos. Fim de história.

 

"Obviamente, demito-te."

"Possivelmente, vamos na quinta-feira."

"Estou terrivelmente aborrecida."

"Sinto-me pessimamente."

"Foi um serão agradavelmente tranquilo."

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Lá vem outra vez a chata do Português...

29.04.13

"Mãe, estes brincos magoam-me as orelhas. Tira-mos, por favor."

 

"Tiramos café agora ou só quando chegar a Marta?"

 

Resumindo: primeira pessoa do plural sem hífen ali no meio, ok? E sim, vale para todos os verbos - a primeira pessoa do plural NUNCA leva hífen. Há uma forma que é parecida, mas acontece na terceira pessoa do plural:

 

"Eu levo brinquedos para a escola, mas os meus colegas tiram-mos".

 

Ou seja, o hífen aparece quando há ali um pronome pelo meio. Coisas como tiramos, fazemos, fomos, falamos, cantamos, rimos, conversamos não envolvem pronomes, logo, não envolvem hífens. Pronome = hífen, está bem?

 

(Um outro exemplo: dê-mos não é o mesmo que demos. Assim: "Preciso desses documentos. Dê-mos, por favor". E assim: "Fomos ao parque e demos as mãos".)

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