23.11.10
Há não sei quantos blindados da GNR que serviram (ou deveriam ter servido) no Afeganistão (acho). Estão lá parados, não servem para nada, mas estão operacionais. Mesmo assim, e porque somos um país rico - toda a gente sabe disso - fomos comprar seis blindados novos para o cortejo da Cimeira da Nato (faz-me lembrar os carros alegóricos dos mui deprimentes carnavais que temos por cá, com miúdas despidas debaixo de chuva, a aguentarem um frio desgraçado, numa tentativa desesperada de imitar o Brasil, onde o carnaval se faz com uns 40º porque lá é verão. Adiante).
Os ditos seis blindados, se calhar por serem para quem eram, não tiveram grande pressa em chegar ao destino. Mas já chegaram. Quer dizer, chegaram só dois. Dois dias depois do carnaval que era suposto animarem. Como somos um país rico, não faz mal. Ficam ali - se calhar ao lado dos outros da GNR -, a fazer nada, à espera, quem sabe, que alguém algum dia decida criar o Museu dos Blindados Inúteis. Cobra-se uma entrada de uns € 5 (mas como é museu nacional é grátis ao domingo de manhã) e lá vai o povo (the blinded) ver os blindados que nunca serviram para coisa nenhuma...
De caminho os juros da dívida pública não baixam. E Portugal, como muitos portugueses, aprendeu a viver a crédito. Mais do que isso: habituou-se a viver a crédito. E acho que todos sabemos o que acaba por acontecer a quem vive assim...
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