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Mães Pelo Mundo - Carla, Bélgica

25.11.13

Hoje apresento-vos a Carla, que está em Bruxelas desde 2010.

1. Conta-nos um bocadinho sobre ti: quem és, onde estás a viver, quantos filhos tens, que idades têm eles, há quanto tempo emigraste, o que vos levou a emigrar?

O meu nome é Carla, tenho 35 anos e estamos a viver em Bruxelas há quase 3 anos. O Guilheme vai completar 4 anos no final do ano, ele nasceu em Portugal mas a ideia de emigrar começou a rondar quase ele estava a completar 1 ano.

Emigramos por motivos profisionais, o meu marido teve uma proposta de trabalho e não fizemos muitas contas, encaramos desde o início que seria uma oportunidade de crescimento profissional e também pessoal.

O maior desafio de todos foi ir preparando a familia com a novidade, comecamos por dizer que estavam a rondar o Miguel com esta possibilidade, mas na verdade a proposta já estava em cima da mesa. Não ajudou ser altura de Natal e aniversário do meu filho e a mudança iria ser no início do ano.

 

2. O que é que fazias antes de emigrar e o que fazes agora?

Eu estava a trabalhar numa multinacional há quase 10 anos, adorava o meu trabalho na área financeira, adorava os meus colegas. É um dos raros casos em que se acorda de manhã e não me importava de ir trabalhar. A hipótese de largar esta empresa era dolorosa para mim.

Uma vez que esta empresa também tinha escritórios em Bruxelas tentei fazer uma simples transferência de posto de trabalho. Enfim, foi mesmo uma tentativa porque ao fim de 3 meses tive que apresentar a minha carta de demissão, foi um dos dias mais dificeis para mim. A ideia de ir para um país sem trabalho era para mim muito difícil. Tentava ser o mais optimista em frente de todos, mas lá no fundo estava cheia de medo. Como é que eu ia para um país à procura de trabalho sem falar a língua deste país (francês/holandês)?

Ainda em Portugal me inscrevi em inúmeras empresas de ofertas de emprego, na semana que cheguei a Bruxelas tinha entrevistas marcadas todos os dias. Uma grande ajuda foi os meus ex-colegas e amigos que enviaram o meu currículo para os contactos deles em Bruxelas e foi assim que a minha actual chefe recebeu o meu CV e me chamou de imediato para uma entrevista. E assim ao fim de 15 dias de aterrar em Bruxelas tinha uma proposta de trabalho.

 

3. Porque escolheram esse país para viver?

Confesso que Bélgica iria ser dos últimos países a escolher para viver, uns anos antes fizemos uma viagem pela Europa e lembro de dizer que Bruxelas foi a cidade que menos gostámos. Agora sei que fez muita diferença visitar a um domingo (tudo fechado) e onde ficamos hospedados não era a melhor zona de Bruxelas.

Bruxelas foi a cidade escolhida porque está aqui a sede da empresa do Miguel.

 

4. Qual foi a grande diferença que encontraste em relação a ser mãe em Portugal e aí?

Eu acho que ser mãe em Portugal a grande verdade é que nunca me via sozinha, ou seja, é claro que a mãe era eu mas tinha sempre ali a ajuda extra da minha mãe para tirar alguma dúvida, para me ajudar com questões de comida, para ficar com ele se precisava de trabalhar mais tempo, etc..

Aqui sou eu, o pai e mais ninguém!! O Guilherme só nos tem a nós então temos de ser um pouco mães, avós, tios.. tudo!!!!

No meu caso não tenho problemas em trabalhar de casa quando o Guilherme está doente ou quando a escola está fechada , acho que as empresas aqui são mais flexíveis nesse aspecto. Uma das perguntas sempre presentes nas entrevistas era se queria trabalhar 100% ou part-time uma vez ter uma criança tão pequena.

Gostava muito de ter outro filho mas ao mesmo tempo pergunto-me como é possível sem ninguém por perto para me ajudar, mas claro que não era a única nem a primeira a fazer isso. Quem sabe um dia....

 

5. Como é que o Estado “trata” as mães? Como funcionam as licenças de maternidade? Que apoios são dados aos pais e às crianças?

Por aqui a licença é só 3 meses, mas temos uma outra licença que é de 4 meses que podem ser tirados até a criança ter 12 anos.

 

6. Qual dos dois países consideras mais seguro, tanto para os adultos como para as crianças?

Em termos de segurança não vejo grande diferenças, é claro que existem zonas de Bruxelas que são menos seguras mas acho que o mesmo acontece em outras cidades da europa.

 

7. Caso os teus filhos não tenham nascido aí, como foi a adaptação deles?

O Guilherme em Portugal estava numa ama que era uma pessoa praticamente da família, ou seja, a primeira experiência numa creche foi cá. Com um ano de idade ele também estava a começar a dizer as primeiras palavras o que complicou mais a adaptação na nova creche. Desde o primeiro dia que só falavam Francês com ele, chorou algumas vezes mas eu acho que nós como pais estávamos mais nervosos com esta mudança, a pergunta se estávamos a fazer o melhor estava sempre presente. Acho que os pais sofrem mais neste aspecto do que eles. O Guilherme com poucos meses de creche começou a falar mais Francês do que Portugues.

Neste momento ele está numa escola onde aprende Francês e Inglês ao mesmo tempo, claro que se atrapalha um pouco mas acho que está a ser muito bom para ele. Com quase 4 anos percebe as 3 línguas, mas o falar foge muito para o francês... mas cá por casa é só Portugues. :D

 

8. Como foi a vossa adaptação, enquanto família?

Olhando para trás penso que nos adaptámos bem. Acho que como família estas experiências nos unem mais. Só nos temos a nós e somos o apoio uns dos outros.

Não é facil ficar longe da família e dos amigos, todos nos fazem muita falta, mas também vamos construindo novas amizades por aqui, acho que somos mais “abertos” para conhecer pessoas novas.

 

9. Quais são as maiores dificuldades com que te deparas no teu dia-a-dia?

Além da saudade da família e amigos, uma coisa que sentimos falta é a simpatia natural do povo português. Aqui as pessoas são mais frias, o estilo de vida também é diferente. O que para nós era normal em Portugal aqui passa sempre um bocado para o luxo. Um simples jantar fora passa a custar mais do dobro, o belo do café já se bebe em casa e só depois saímos para passear. Isto porque acho que dar 2.5€ por um café é abuso.

Não podemos dizer que são dificuldades mas acho que são mudanças no estilo de vida e só nos resta encarar com normalidade se não torna muito mais dificil a estadia por aqui.

10. Se tivesses que dar um conselho a alguém que esteja a pensar emigrar para o país onde vives, o que dirias?

O meu primeiro conselho seria de tomar a decisão em conjunto como casal. É uma mudança muito grande e vai alterar muito vida de casa um.

Depois disso só posso aconselhar para o fazeram, acho que cresci bastante como pessoa, não penso só no aspecto profissional mas também no aspecto pessoal. Todos os dias se aprende algo, eu tenho o prazer de trabalhar numa multinacional em que encontro pessoas de todas as nacionalidades. Um simples intervalo de almoço fico a saber as tradições/hábitos que cada um.

Com dedicação tudo se alcança e estamos cada dia mais certos que fizemos a escolha certa, estamos bem profissionalmente e estamos a proporcionar algo ao Guilherme que não conseguíamos dar em Portugal.

 

[Muito obrigada, Carla!!]

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