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Ç ou C? Simples. Se a vogal seguinte for um e ou um i, então é sempre, SEMPRE, C. Se a vogal a seguir for a, o ou u, então depende do som.
Exemplos:
"Vou à caça. Nunca cacei nada, mas hoje vou ver se caço".
"Esta cidade é linda. Vocês não acham? Tem tantas construções de aço...".
"Fui acusado de roubar açucenas".
Portanto coisas como çidade, veloçidade e voçês são como os unicórnios: muita gente acredita neles, mas não existem!
Quando a palavra tem uma sílaba com som "ssss" usa-se a cedilha, nos casos em que ao C se segue um A, um O ou um U. O C junto do E e do I nunca tem um som "q", mas apenas "ssss" - Cidade, por exemplo. Já com as outras vogais pode ter som "ssss" ou "q", sendo que para ter o som "ssss" leva a cedilha - traça, caço, açucena / caso, coser, cueiros.
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Há ou À? Simples: se se refere a tempo ou se pudermos substituir a palavra por uma forma do verbo existir, é sempre, SEMPRE, Há. Se se refere a coisas, pessoas ou lugares, é sempre, SEMPRE, à (e essas coisas, pessoas ou lugares são sempre do género feminino).
Exemplos:
"Há bocado liguei-te. Tinhas ido à rua?"
"Subi à árvore e caí."
"Há quantos anos casaste?"
"Ela disse à irmã que não ia à festa. Não se vêem há montes de tempo e ela ficou à nora..."
"Aqui não há perigo. Não há animais selvagens." - Aqui podíamos dizer "aqui não existe perigo. Não existem animais selvagens."
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"Chamas-te João" não é o mesmo que "Chamaste o João", ok?
Fizes-te, fos-te, disses-te, andas-te, telefonas-te... são unicórnios, está bem?
Então qual é o truque? Das palavras ali de cima só o "andas-te" pode ser usado mas não enquanto pretérito. Por exemplo:
"Andaste a correr?"
"Andas-te a esforçar?"
A primeira remete para o passado. A segunda é presente e tem um pronome pessoal ali no meio. Ou seja, se pudermos passar o -te para outro lugar na frase então ele deve ser separado do verbo e levar hífen. Se não pudermos pegar nisso e pôr noutro sítio então é sem hífen.
"Andas a esforçar-te?" - Esta forma é até mais correcta do que a anterior, porque os pronomes devem vir depois do segundo verbo, quando um se relaciona com o outro. Outro exemplo "Quero-te dizer uma coisa" é menos correcto do que "quero dizer-te uma coisa".
Há ainda uma forma mais "básica" de colocar a oração: "te andas a esforçar?". Não sendo exactamente correcta, não deixa de fazer sentido...
Peguem lá nos exemplos que dei lá em cima e vejam se conseguem tirar os -te e pô-los noutro lado...
"Te fizes o quê?" ou "Fizeste o quê?"
"Te fos onde?" ou "Foste onde?"
"Te disses o quê?" ou "Disseste o quê?"
"Te telefonas ontem?" ou "Telefonaste ontem?"
Pois...
Mais uma vez, o -te é um pronome, portanto refere-se a alguém. "Chamas-te João" quer dizer que tu tens o nome João - e a frase está no presente do indicativo. "Chamas-te o João" não é nada. A forma correcta é "Chamaste o João", como quem diz que, no passado, aconteceu uma acção.
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Os advérbios de modo NUNCA levam acentos. Ah, e tal, que'ssa merda de um advérbio de modo? Coisas como obviamente, possivelmente, terrivelmente, pessimamente, agradavelmente... são advérbios de modo. Ou seja, são adjectivos na sua forma feminina (ex.: óbvia) a que se junta o sufixo -mente (há outros advérbios de modo, mas não interessam para o caso).
Portanto, aqui a regra é super simples: NUNCA há acentos. Fim de história.
"Obviamente, demito-te."
"Possivelmente, vamos na quinta-feira."
"Estou terrivelmente aborrecida."
"Sinto-me pessimamente."
"Foi um serão agradavelmente tranquilo."