22.12.11
Hoje é o último dia de trabalho do meu pai. Amanhã será um senhor reformado. Amanhã não se levanta para ir para o Banco, onde trabalha desde 1980. Amanhã não vai ter que aturar uma chefe idiota, nem vai poder ensinar o (muito) que sabe aos novos que vão substituir uma equipa que se reforma amanhã.
Para mim, que sempre o vi trabalhar, está a ser muito complicado gerir sentimentos em relação a isto. Uma estupidez, eu sei. Devia era estar contente por ele ir para casa, por passar a estar com os netos, por poder descansar e levar uma vidinha calma, que não implique chegar a casa às duas da manhã todos os dias (sim, de há uns anos para cá o meu pai entra às 10h e sai à 1h. E não, não é treta dele... não há amantes envolvidas na equação. É trabalho no banco mesmo).
Mas olho para esta reforma e vejo-a como um atestado de velhice (que não é; o meu pai tem 57 anos, apenas). Olho para ela e vejo-a como um sinal de finitude. E se há coisa que me arrefece por dentro é saber que um dia perderei o meu pai, que é uma pedra basilar para mim. Sei que ninguém está preparado para lidar com isto. Eu não sou diferente.
E é isto: quarenta e tal anos depois, o meu pai vai poder abrandar e curtir um bocadinho. Bem merece.
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