17.12.09
Esta coisa de o casamento pressupor a filiação, como diz o Dr. Jorge Miranda (que, para quem não sabe, foi um dos senhores que escreveu a actual Constituição), é coisa que me tira do sério. Eu acho que um casamento não pressupõe porra de filiação nenhuma. As pessoas que casam não são obrigadas a filiar ninguém. A maioria quer ter filhos? Sim. Alguns não querem? Não. E porque não querem ter filhos são impedidos de casar? Não. Alguns não podem ter filhos. E deixam de poder casar por isso? Não. Nem sequer é não quererem ter, é não poderem ter. Logo, o casamento entre eles não pressupõe filiação nenhuma. E daí? Casam na mesma e ninguém lhes pede prova de fertilidade antes.
Portanto, para mim, que sou uma gaja com a mania que é de esquerda, muito liberal, muito para a frente, o dia de hoje marca uma viragem. Se eu fosse gay andava aí a dar pulinhos de alegria. Até podia não querer casar, mas tinha o direito de escolha, como toda a gente. Não sendo gay, ando por aí a dar pulinhos de alegria pelos meus amigos gays que deixam de ser um caso à parte e passam, efectivamente, a ser considerados iguais a toda a gente. Já que pagam impostos como os outros, acho, sei lá, que faz "algum" sentido que tenham os mesmos direitos.
E não se dêem ao trabalho de me vir aqui espetar com artigos disto e daquilo, que eu não quero nem saber. Para mim, um direito, seja ele qual for, é igual para toda a gente. E o facto de a Declaração Universal dos Direitos do Homem ter lá a menção ao casamento heterossexual não me aquece nem me arrefece. Ou antes, faz-me pensar que a dita declaração não é assim tão universal e não tem os direitos do Homem, mas sim os direitos de alguns homens e de algumas mulheres, deixando os outros de fora. Go figure...
Adenda: e um obrigada à Andreia, que me alertou para uma gralha que tinha o texto.
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