... já que não podemos todos andar aí a salvar o mundo.
Ora bem, começando: a franja não fica bem a toda a gente. Caras redondas, bolachudas, cabelos rebeldes e a franja é um menos, em vez de ser um plus.
Caras brilhantes não ficam bem a ninguém. É para isso que servem as bases e os pós compactos e não custa nada, demora meio minuto e dá um ar saudável, asseado e bonito.
Calções não rimam com celulite. Muito giros, muito na moda, muito perigosos porque se erra muito com calções. Contra mim falo: adoro mas com este meu peso que está mais para foca do que outra coisa não posso.
Nude: aquilo é cor de pele. Acontece que quando se combina nude com um tom de pele branco-lula a coisa não corre bem. Se a isso ainda se acrescentar um cabelo alourado, pior. Parece tudo uma mancha só. É para isto que servem os auto-bronzeadores e os pós bronzeadores que, não durando tanto, são mais práticos ainda.
Acessórios em plástico. Really? Ainda há quem use isto e queira ter nível?
Cabelo preto-asa-de-corvo: horripilante. A não ser que sejam góticas. Ou "Twilight-freaks", pronto. É suburbano, básico e brega. Especialmente mau se usado por mulheres com mais de 50 anos e se colorir uma melena lisa, comprida e sem graça. E por falar nisso...
Cabelos compridos acima dos 50 anos: não. A não ser que meçam mais de 1,70 ou, em alternativa, que sejam a Soffia Loren. Não há maior elegância que uma mulher over 50 com um cabelo bonito, no máximo pelos ombros. Cabelos compridos fazem-nas parecer mais atarracadas e, no geral, mais gordas. E é sabido que, a não ser em casos excepcionais de muita generosidade genética, as mulheres portuguesas com mais de 50 anos são baixinhas e redondinhas. E emoldurar isto com um cabelão liso, cortado a direito, a bater no meio das costas (quando não é ainda mais abaixo)... não! A cereja no topo deste bolo é... uma franja. Aí sim, é o jackpot da breguice. Se calhar estou a exagerar. Mostrem-me uma mulher com mais de 50 anos que fique bem de cabelão preto comprido com franja (ou sem franja, pronto, até facilito). E escusam de responder "Cidália Moreira". Não conta (e não, não lhe fica bem).
Quando vejo o vídeo do nosso casamento penso sempre o mesmo: wise choices. Escolhemos bem. Foi o nosso dia perfeito. Não mudávamos nada (quer dizer, se eu pudesse escolher, o ramo não tinha sido entregue a quem foi, mas eu, feita cabra-cega, não consegui melhor. Mas devia!). Voltava a fazer tudo outra vez. E não me importava nada de repetir o dia. Quanto mais não fosse para saborear como deve ser o bolo de noiva que, dizem, é o melhor bolo de chocolate do mundo (este e não aquele de Campo de Ourique). Sinceramente não sei, não me lembro do sabor do bolo. Falha grave, se querem saber...
Primeiro foi a ideia. Depois o nome. Depois o plano. Depois a estética. Depois o conteúdo. Depois a forma. Faltam as contas. E o logótipo. E a plataforma. E os testes. E começar. Falta pouco. Quero tanto!!
Vive-se demasiado depressa na minha geração. Morre-se demasiado cedo. Ficam coisas por fazer. Ficam histórias por contar. São vidas inacabadas. Ontem soube de mais duas. Dela lembro-me bem, dos tempos de faculdade. Dele nem por isso. Morreram juntos, de acidente de carro. Demasiado cedo. Demasiado depressa.
Há muito que embirro com a Laurinda Alves. Motivo? Não consigo não embirrar com alguém que foi casada com o Miguel Sousa Tavares. Se calhar devia gostar muito dela; afinal de contas divorciaram-se. Bom, adiante: não tinha boa impressão da senhora e isto é do mais infantilóide e idiota que pode haver, porque nunca me dei ao trabalho de ler mais do que uma crónica dela aqui e ali. Ou seja, não tinha motivos para. Até que.
E rapidamente mudei de opinião (precisei de exactamente três minutos e cinco posts).
Há ainda um bocadinho da minha vida que me falta organizar. Há mais, na verdade. Falta-me cozinhar duas horas só para poder escrever, pesquisar, criar. Duas horas do meu dia para dedicar às minhas paixões. Li hoje uma entrevista ao José Rodrigues dos Santos, escritor de quem eu não gosto particularmente mas que tem um lado que me agrada, que é o da disciplina, em que ele dizia que se "obriga" a escrever todos os dias e que se, por dia, escrever uma página, no fim do ano tem 365 páginas, e dizia ainda que, numa hora, escreve duas páginas. Matemática perfeita, quanto a mim. Se fosse assim tão simples. Se calhar até é. Mas falta-me ainda esquematizar os meus dias para, algures à noite, depois de ter a casa a dormir, conseguir sentar-me a escrever. Uma hora. Duas páginas. Vezes 365. Era tão bom...
O meu Dia da Mãe, como mãe. Ontem senti que fui apenas filha. E passei o dia triste, triste, triste. Porque o pai da minha filha não gastou um minuto do tempo dele a preparar nada. Já lhe disse mais do que uma vez que me entristece não ter nada feito por ele e por ela, um postal daqueles caseiros, sabem? É simples: é pegar numa folha de papel, numa das muitas alturas em que estão a desenhar, pedir-lhe que desenhe uma coisa para a mãe, dobrar ao meio e entregar. Mas ele lá achou que tinha mais que fazer. E eu triste. Hei-de ter coisinhas feitas por ela quando ela for para a escola. Ou quando me sentar com ela a fazer uma surpresa para a mãe... que não será surpresa... Triste.
Há poucos dias apercebi-me. Só aprendi a dar valor à minha mãe depois de ser eu própria mãe. Só aí soube as dores, as angústias, as escolhas, as decisões. Só aí compreendi que a liberdade que me deram não foi de graça e que as responsabilidades que me exigiram não foram em vão. Havia um plano por detrás daquilo tudo. Não foi fácil. Não é fácil educar uma miúda com a mania que é rebelde, mesmo que isso não passe de mania porque, verdade seja dita, nunca dei chatices aos meus pais. Acontece que eles continuam a educar-me. E ensinam-me todos os dias a educar. E eu bebo cada gotinha daquilo porque sei que, infelizmente, não durarão para sempre e que haverá alturas em que eu olharei para cima e dizer "que jeito que me dava aqui agora a minha mãe, ela havia de saber resolver isto".
A minha mãe teve (tem) falhas. Mas tem um mérito do caraças. Veio do Alentejo já casada, com a 4ª classe. Ficou (ficaram) a viver em casa dos meus avós paternos até poderem levantar voo e aterrar em ninho próprio. Pelo meio nasci eu. E a minha mãe resolveu começar a estudar. E a trabalhar. Foi costureira, trabalhou em fábricas, acabou a trabalhar numa pequena indústria que a atirou para o desemprego há coisa de ano e meio (coisa que eu, apesar de tudo, agradeço, porque foi o que permitiu que ela fique todos os dias com a minha filha). Pelo meio estudou, sempre à noite. Acabou o 12º ano no ano em que eu acabei o 7º. E trabalhava. Levantava-se às 6h, ia para a fábrica, voltava directamente para a escola, ia para casa, passava a ferro, fazia o jantar para mim e para o meu pai, para o dia a seguir e, lá pelas 2 ou 3 da manhã, ia dormir. Para acordar às 6h e fazer tudo outra vez.
E, apesar deste ritmo maluco, nunca desistiu. Queria conseguir um emprego normal, qualquer coisa no Estado, por exemplo. Nunca conseguiu. Mas não se arrepende de nada. E a mim nunca me faltou mãe. Ela esteve sempre lá. Mesmo quando me exportava por períodos de 5 meses para o Alentejo, para poder estudar, esteve sempre lá. Hoje continua a estar sempre lá. Claro que nos demos mal toda a vida. Porque eu era parva o suficiente para achar que devia poder fazer tudo sem fazer nada em troca. Quando isso acabou - quando fui viver sozinha. E passámos a gostar muito mais de estar juntas. Passei a dar muito mais valor àquela mulher que se virou do avesso para me poder dar tudo o que não teve, tudo o que achava que eu merecia.
Mas só percebi o quanto a amo na noite em que nasceu a minha filha. Foi a minha mãe que esteve lá, ao meu lado, a abanar-me uma arrastadeira descartável à frente da cara, tal o calor que eu sentia. Foi a minha mãe que chorou assim que viu a menina. Foi a minha mãe que me ensinou a ser mãe. Não quero repetir os erros dela, mas tomara eu não fazer outros que comigo ela não fez. A minha mãe fez-me a mim e constrói diariamente a minha filha. E constrói-me a mim, enquanto mãe.
É a mulher que eu mais amo na vida. E só quero ter muito, muito tempo com ela. Para aprender. Para amar. Para dar. E para lhe dizer o quanto gosto dela, o quão importante ela é para mim e o quão agradecida lhe estou por tudo o que faz por mim. Por nós.
Era suposto irmos piquenicar para o Jardim da Estrela. Não era suposto estar a chover. Logo, não vamos piquenicar para lado nenhum. Ainda assim acordei cedo. Tomei banho. Tirei o pão acabadinho de fazer da máquina. Tomei o pequeno-almoço. Bebi um café. Fui dar uma volta nos roupeiros e livrei-me de um saco de roupa. Fui dar uma volta nas gavetas e livrei-me de mais um saco de roupa. Sentei-me ao computador. Li. Escrevi. Joguei (caraças mais ao Facebook!). Estou a escrever este post. São 11h12.
E agora vou às compras e buscar a minha filha e volto para fazer o almoço. Às 13h30 estaremos a almoçar. E mais logo há jantar cá em casa, com uma amiga. Os nossos maridos vão para a despedida de solteiro do noivo da semana que vem e nós, como boas... más que somos, não vamos à despedida de solteira da noiva. Porquê? Porque é um dos eventos que entra na categoria de "frete social com gente de quem não gosto". E eu recuso-me a fazer fretes. Já não tenho idade para isso.